A proposta da União Européia para estabelecer uma "aliança estratégica" com o Brasil não significará colocar em segundo plano o resto do Mercosul, disse o embaixador da UE em Brasília, João Pacheco, na terça-feira.
A iniciativa, com a qual Bruxelas buscará aprofundar laços políticos, científicos, sanitários e de transporte, entre outros, com o Brasil, será discutida dia 4 de julho em um encontro bilateral entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o titular da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso.
Posteriormente, Lula viajará a Bruxelas para explicar o programa brasileiro de biocombustíveis para o "público europeu", acrescentou Pacheco.
A União Européia, que anunciará a proposta formalmente na quarta-feira, já fez esse tipo de aliança com China, Rússia, Índia, África do Sul, Estados Unidos e Canadá.
"O Brasil é um exemplo de democracia e de relacionamento com seus vizinhos. É líder natural da América do Sul e estamos reconhecendo isso", disse Pacheco.
O diplomata enfatizou que a oferta européia para uma sociedade estratégica com o Brasil não tira o mérito do resto dos países do Mercosul, integrado também pela Argentina, Uruguai e Paraguai. A Venezuela também se encontra no processo de adesão à união aduaneira sul-americana.
"Isso não é em detrimento ao auxílio da integração regional. Uma relação mais estreita com o Brasil pode auxiliar a impulsionar o Mercosul", disse Pacheco.
Em entrevista à imprensa, Pacheco também ressaltou que apesar da oferta de Bruxelas para uma aliança estratégica com o Brasil, as travadas negociações comerciais entre o bloco sul-americano e a UE continuarão sendo bilaterais.
"A negociação comercial é, foi e será bloco a bloco", explicou ele sobre o estagnado processo para um acordo de livre comércio.