A Irlanda concordou nesta quarta-feira em trabalhar com uma missão da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) em medidas urgentes para restaurar seu combalido setor bancário, um processo que poderia levar à aceitação de um pacote de resgate apesar da relutância de Dublin.
Uma equipe da Comissão Europeia, do FMI e do Banco Central Europeu (BCE) viajará à Irlanda nesta quinta-feira para examinar quais ações podem ser necessárias caso o país decida buscar ajuda, disseram ministros de Finanças da zona do euro.
O primeiro-ministro irlandês, Brian Cowen, enfatizou que a missão vai observar que tipo de assistência a Irlanda pode requerer. Ele novamente rejeitou sugestões de que seu governo esteja discutindo um resgate.
"O que queremos nos concentrar agora é em um modo direcionado, ao longo dos próximos dias, para sentarmos e vermos de que maneira a assistência pode ser oferecida para garantir que esses problemas possam ser enfrentados com propriedade", disse ele ao Parlamento.
"Não há nenhuma questão do governo... em negociação sobre um pacote", afirmou Cowen, recusando o termo como pejorativo em meio a risos irônicos e críticas da oposição.
Mais tarde, ele disse ao canal de TV RTE que há "discussões delicadas e cautelosas" em curso. "É urgente, aceitamos que isso é urgente e precisamos enfrentar isso."
O comissário para assuntos econômicos da UE, Olli Rehn, disse que a equipe do bloco e o FMI vão trabalhar intensivamente com a Irlanda "para determinar a melhor maneira de oferecer qualquer suporte necessário para resolver os riscos de mercado, principalmente os referentes ao setor bancário".
O ministro de Finanças irlandês, Brian Lenihan, disse que os supervisores da zona do euro saudaram sua estratégia de corte orçamentário de 15 bilhões de euros em quatro anos. Ele espera divulgar o projeto na próxima semana, sugerindo que não vê necessidade de mais aperto fiscal.
Mas ele admitiu que o setor bancário precisa de ajuda."O que pode ser requerido pode não ser uma transferência de dinheiro agora, mas uma demonstração de quanto dinheiro pode ser disponibilizado caso mais dificuldades se surjam", disse.
A Irlanda afirmou que o acerto de seu setor bancário pode chegar a 50 bilhões de euros, mas investidores temem que o número final possa ser ainda maior devido às crescentes dívidas de hipotecas residenciais, saques e maiores custos de financiamento.
INEVITÁVEL?
Embora a Irlanda não tenha feito nenhum pedido imediato de resgate à UE, resistindo a pressões de seguir os passos da Grécia, economistas disseram que o socorro parece provável, mesmo que o país esteja financiado até a metade de 2011.
"A Irlanda vai conseguir sair desse buraco sem ajuda?", questionou em relatório Peter Dixon, do Commerzbank.
"Provavelmente não, porque o país perdeu a confiança do mercado... Na ausência de medidas para reestruturar a dívida do setor bancário, vemos uma alta probabilidade de que a Irlanda solicite financiamento por meio do mecanismo de facilidade financeira no início do próximo ano."
Alguns analistas afirmaram que Dublin parece estar ganhando tempo em parte para evitar a potencial humilhação de pedir ajuda antes da eleição parlamentar de 25 de novembro.
Fontes da União Europeia disseram à Reuters que a Irlanda pode precisar de assistência no valor entre 45 bilhões e 90 bilhões de euros, dependendo da necessidade de dinheiro ser apenas para os bancos ou também para a dívida pública.
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