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Zona do euro

UE e Grécia divergem sobre medidas de socorro

Genebra - A Grécia e os demais países da União Europeia deram início ontem a um jogo de empurra, trocando acusações e exigências sobre como lidar com o déficit de 12,7% no Orçamento do país mediterrâneo e acalmar os mercados. Combinadas, a dívida grega e a histeria dos investidores ameaçam contaminar o bloco e fragilizar o euro.

Após uma longa reunião entre os ministros das Finanças dos 16 países que adotam o euro, o chamado eurogrupo exigiu que Atenas apresente um plano mais drástico até 16 de março para levar a cabo a promessa de cortar seu déficit em dez pontos até 2013.

Em entrevista coletiva transmitida pela internet, o presidente do eurogrupo, Jean-Claude Juncker, citou "riscos'' ao cumprimento das metas. Os mercados derrubaram os títulos gregos nas últimas semanas, e analistas temem que o efeito se estenda para outros países europeus periféricos com a dívida inchada (Portugal, Espanha e Itália).

Exigir mais da Grécia é a alternativa que restou diante da relutância dos países do bloco em abrir os cofres. Espe­cialmente, ante a relutância do governo alemão, que enfrenta um ambiente político doméstico desfavorável e, nesse contexto, teme se tornar o fiador universal dos vizinhos perdulários.

Um pacote de resgate nos moldes tradicionais, bancado pela UE como instituição, é vetado pelo estatuto do bloco.

Com tal cenário, as promessas feitas na semana passada pelo premier socialista George Papandreou – cortar pensões e comissões do funcionalismo e reestruturar o sistema de previdência – foram vistas como pouco pelos países do eurogrupo. É preciso subir impostos, dita Bruxelas.

Mas a Grécia reluta em aprofundar seu pacote de arrocho, e analistas questionam não só a vontade política mas também a margem de manobra de Atenas ante a pressão das ruas.

O teto das pensões na Grécia mal supera 2 mil euros (cerca de R$ 5 mil), e o salário médio de servidores gira em torno de mil euros. Sobretudo, o país sofre com a evasão fiscal – sua arrecadação é a pior da UE.

Em discurso na manhã de ontem, o ministro grego da Economia, George Papacons­tantinou, já repassou a responsabilidade de volta à UE. "Meu palpite é que o que vai fazer com que os mercados parem de atacar a Grécia neste momento é uma mensagem mais explícita [da UE], que torne operacional o que foi defendido na última quinta'', disse.

Na ocasião, os líderes do bloco emitiram um comunicado político dizendo que acorrerão, se necessário, para impedir que a Grécia quebre. Mas não deixaram claro quando ou como.

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