A União Européia anunciou medidas que endurecem a vigilância dos bancos e os obriga a oferecer maiores garantias em operações de risco. Ainda não é o choque regulatório que cada vez mais vozes vêm pedindo na Europa, mas é o primeiro movimento da UE para dar uma resposta coordenada à crise.
A necessidade de um plano comum dos 27 países do bloco para enfrentar a crise voltou a ser defendida pelo presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso: "Estamos exortando os Estados membros a ter uma cooperação mais estreita. Não é só injetar liquidez. É também preciso injetar credibilidade na resposta européia".
Com esse fim, a UE propôs ontem novas medidas para regular as operações bancárias. O plano apresentado pelo comissário europeu de Mercado Interno, Charlie McCreevy, ataca uma das causas da crise, a securitização de ativos sem garantias. Entre outras propostas, que terão que passar pelo Parlamento Europeu, os bancos serão obrigados a reter ao menos 5% dos ativos que revendem, assumindo parte do risco.
A idéia é forçar os bancos a avaliar melhor os riscos de crédito nos produtos que integram os pacotes financeiros que revendem, como as hipotecas de alto risco dos EUA, que estão na origem da crise. "Todos os incentivos foram dados aos bancos para que acumulassem o maior volume possível de hipotecas, para depois colocar num veículo especial e revendê-las a todos", criticou McCreevy.
Aliada à esperança de que a versão revisada do plano de resgate seja aprovada logo pelo Congresso americano, a mobilização da UE levou a maioria das Bolsas européias a fechar em alta, num dia de oscilações. Londres subiu 1,17%, Paris, 0,56% e Madri, 1,77%. Frankfurt foi a exceção, caiu 0,42%.
O presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, sofre pressão para cortar os juros e estimular a economia na zona do euro, onde um país, a Irlanda, já entrou em recessão. Mas em sua reunião amanhã, o BCE deve manter o juro em 4,25% para evitar pressões inflacionárias.