A União Geral dos Trabalhadores (UGT) iniciará uma campanha contra os altos juros dos cartões de crédito. O primeiro ato de protesto será realizado quarta-feira (9) na capital paulista, às 10 horas, quando a central pretende levar cerca de 2 mil afiliados para a frente da sede de uma operadora de cartão de crédito na Avenida Brigadeiro Faria Lima. Os manifestantes vão montar uma guilhotina, símbolo, segundo o presidente da UGT, Ricardo Patah, da ameaça constante que paira sobre os consumidores endividados no cartão de crédito.
A iniciativa ocorre na esteira de decisões recentes da presidente Dilma Rousseff para tornar viável uma grande queda de juros no País. Aproveitando os cortes dos juros básicos (Selic) promovidos pelo Comitê de Política Monetária (Copom), as duas maiores instituições financeiras públicas, Banco do Brasil e Caixa, reduziram taxas e foram seguidas por bancos privados. Na semana passada, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou também um novo cálculo de rendimento das cadernetas de poupança para, de acordo com o governo, permitir uma queda maior da Selic hoje em 9% ao ano.
No seu discurso alusivo ao 1º de Maio, a presidente Dilma afirmou, em cadeia nacional de rádio e televisão, considerar "inadmissível que o Brasil, que tem um dos sistemas financeiros mais sólidos e lucrativos, continue com os juros mais altos do mundo".
Segundo Patah, a UGT também elegeu os juros altos como um dos principais alvos de suas manifestações neste ano. "Não estamos aderindo à política da presidente, mas temos a Dilma como aliada a principal propagandista do tema", disse.
Para o presidente da UGT, a classe média é a mais atingida pelos juros cobrados nos cartões de crédito, em média de 12% ao mês, segundo ele, contra os 9% do cheque especial. "A classe média, base da pirâmide de consumo, constituída em boa parte de trabalhadores e aposentados, recorre ao cartão de crédito e acaba sendo massacrada pelas cobranças abusivas dos juros", reclamou.