A história é recente, tem pouco mais de dez anos. No início, as cifras eram modestas, pois pouca gente conhecia o sistema. Virar associado parecia um risco porque o negócio não inspirava muita confiança. Mas, por necessidade, ou curiosidade, teve quem foi experimentar, cohecer de perto o que era o tal do Sicredi. A partir dali, o número de associados de um dos maiores sistemas de crédito cooperativo do país não pára de crescer no Paraná. Em 1997, eram 55 mil. Hoje, são 260 mil, com previsão de fechar o ano com 280 mil cooperados.
O dado que revela o tamanho do negócio também cresce na mesma proporção, de R$ 50 milhões para incríveis R$ 1,93 bilhão em uma década. O valores são de recursos administrados, que até o final do ano devem romper a barreira dos R$ 2 bilhões, conforme projeção da Sicredi Central Paraná. Se considerado o movimento dos outros sistemas, como Sicoob, Cresol e cooperativas independentes, ligadas às agropecuárias, o movimento financeiro ultrapassa os R$ 2,5 bilhões (leia matéria na página 20).
Alternativa
Alternativa ao sistema bancário tradicional, o cooperativismo de crédito está presente em praticamente todo o estado. No caso do Sicredi, o atendimento chega a 250 dos 399 municípios do estado (ver infográfico). Em muitas localidades, a cooperativa é a única instituição financeira, excetuando-se os pontos do Banco Postal (parceria do Bradesco com os Correios) e o Caixa Aqui (atendimento da Caixa Econômica Federal através das casas lotéricas). Também não estão computados os sistemas relacionados anteriormente, que têm uma atuação mais restrita e segmentada.
Mas como crescer tanto e em tão pouco tempo? Na avaliação do presidente do Sicred Paraná, Mafred Alfonso Dasenbrock, o cooperativismo passou a atender a uma demanda reprimida, que começou no meio rural, chegou ao comércio e está disponível ao público em geral, pessoas físicas e jurídicas. O sistema foi beneficiado com mudanças na legislação, que permitiram a criação ou conversão de cooperativas na modalidade de livre admissão, e ampliaram a atuação do Sicredi, com a aproximação de outros públicos, que não o rural. "Apesar do viés urbano, muito forte, a identificação da cooperativa continua sendo rural", ressalta o dirigente, ao destacar que a grande expansão do sistema acontece nas cidades. Em média, 45% dos associados estão na carteira de crédito rural.
Dasenbrck cita como principal atrativo das cooperativas o acesso ao crédito mais barato. "Na média, oferecemos produtos e serviços financeiros a um custo de 30% a 35% aquém do mercado." O exemplo mais tradicional seria o cartão de crédito, com juros entre 4,5% e 5,5%, e o cheque especial, em 5,5%. Para praticar taxas e tarifas mais competitivas, o Sicredi usa recursos do patrimônio líquido das cooperativas. Isso é possível porque o cooperado é o dono da cooperativa. "Nosso objetivo não é, necessariamente, obter lucro, mas oferecer soluções financeiras, a um custo menor, para atender à demanda dos associados."
O Sicredi possui 27 cooperativas no estado. Quatro são de crédito mútuo e atendem segmentos específicos, como o Medicredi (médicos); Credjuris (juízes e promotores); Credenoreg (cartorários); e Sincocred (setor automotivo). Entre as demais, 11 são de livre admissão e as outras 12 estão em processo de conversão. Para abrir uma conta no Sicredi é preciso virar cooperado, com a integralização de cotas de capital, num valor a partir de R$ 100. A Central defende o valor mínimo de R$ 20. A título de comparação, os R$ 2 bilhões do Sicredi são equivalestes a pouco mais de 10% do faturamento total do sistema cooperativo do Paraná para este ano, que deve ser de R$ 18 bilhões.