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Um natal especial

Um caminho para, finalmente, crescer

Os condutores da política econômica brasileira provavelmente não gostariam de conhecer Papai Noel. Não que o velhinho queira fazer algum mal à dupla Antônio Palocci, ministro da Fazenda, e Henrique Meirelles, presidente do Banco Central. É que ele pode se ver na obrigação de atender os pedidos feitos por dezenas de empresários, executivos e economistas cansados de ver os juros nas alturas, o real valorizado e o investimento baixo. A Gazeta do Povo perguntou a personagens de destaque na economia do Paraná qual seria o melhor presente para o Brasil neste Natal. As cabeças de Palocci e Meirelles chegaram a ser pedidas abertamente em alguns casos. Em outros, o presente seria apenas um novo plano que conduza o país a um crescimento mais robusto.

A popularidade da política econômica está em baixa no setor produtivo e isso se reflete nas opiniões colhidas pela Gazeta. Nota-se uma mistura de decepção e cansaço nos depoimentos. Não houve mudanças expressivas na economia após a eleição de Lula e o resultado disso é um crescimento econômico dentro da média que vinha sendo obtida desde o início do Plano Real, em 1994. Onze anos viraram uma eternidade para quem espera condições melhores para fazer investimentos, vender mais, lançar novos produtos.

O pedido de mudança na política econômica tem um alvo principal: a taxa básica de juros – Selic. Quando ela sobe, as pessoas ficam menos dispostas a gastar, as empresas investem menos e a demanda cai – fenômeno que inibe a aceleração dos índices inflacionários. Hoje a Selic está alta, em 18% ao ano (é de longe a maior do mundo entre os países emergentes), e serviria para conter a inflação, segundo o Banco Central. A impressão que fica neste fim de ano é a de que a dose foi muito forte, matou um ano que era muito promissor.

Além de reduzir a demanda interna, a alta nos juros trouxe como efeito colateral uma maior valorização do real. Atraídos pelos juros, investidores captam dinheiro no exterior e aplicam no Brasil porque os ganhos em real são suculentos. Isso pressiona o câmbio e reduz o ganho das companhias exportadoras. Muitas delas dizem que mantiveram os embarques para cumprir contratos, sem lucro, pensando em conservar a posição de mercado. Outras negociaram preços e continuaram no negócio.

A pilha de presentes com chance de ser distribuída neste Natal é composta também por itens indesejados, que merecem ficar guardados no trenó. Na área econômica, entre as principais surpresas que seriam devolvidas ao Papai Noel estão o aumento dos gastos públicos no ano eleitoral, a queda nos investimentos e a manutenção da atual política de juros. Verdadeiros "presentes de grego" na opinião das pessoas ouvidas pela Gazeta do Povo.

Essas escolhas mostram que existe uma tendência sobre o caminho que deveria ser seguido, na opinião dos entrevistados, para que a economia brasileira cresça mais. A princípio, ninguém quer estímulo por meio dos gastos públicos, principalmente aqueles com fins eleitorais. Os investimentos devem ser privilegiados porque fazem com que haja ganho de produtividade. O volume desses recursos seria aumentado após a queda da taxa básica de juros, dizem os entrevistados.

O que eles querem ganhar

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