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ANÁLISE

Um certo desânimo no mercado de trabalho

O baixo crescimento da economia e a queda na confiança de consumidores e empresários já afetam o mercado de trabalho. Os dados de julho, divulgados na semana passada, trouxeram novas evidências de desaquecimento, e não há indícios de que o bom desempenho observado entre 2010 e 2012 possa se repetir tão cedo.

A situação mais delicada é a do mercado formal, que criou apenas 41,5 mil vagas em julho, o número mais baixo para o mês em uma década. Dentre os dados divulgados pelo Caged na quarta-feira, chamaram atenção as poucas contratações dos dois "motores" do mercado de trabalho, o comércio e os serviços: juntos, criaram apenas 12,8 mil vagas, 80% menos que em julho de 2012.

Ainda assim, economistas e entidades de classe consultadas pela Gazeta do Povo não veem chance de ruptura nos próximos meses. Ao menos por ora, o cenário mais provável é de estabilidade ou leve piora no nível de emprego. Demissões em massa, só se as perspectivas para a economia em 2014 piorarem muito.

Depois dos números decepcionantes do Caged, boa parte dos analistas foi surpreendida pela taxa de desemprego nas seis regiões metropolitanas do país, divulgada na quinta-feira pelo IBGE. O índice, de 5,6%, veio maior que o de julho de 2012 (5,4%), mas abaixo das expectativas (5,8%, em média) e em nível ainda próximo do chamado "pleno emprego".

Com base em números como esses, a consultoria Rosenberg & Associados vê o mercado de trabalho "ainda relativamente aquecido", mas com "probabilidade crescente de uma piora na taxa de desemprego, ainda que pequena, nos próximos meses". A corretora Concórdia projeta que a taxa de desocupação média de 2013 nas principais regiões metropolitanas será de 5,9%, um tanto acima dos 5,5% de 2012, mas não muito além da média de 5,7% apurada entre janeiro e julho deste ano.

Para o economista Flávio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio (CNC), a tendência é de que o desemprego médio seja "muito parecido com o do ano passado, talvez um pouco maior". Mas o mercado formal, na avaliação dele, será bem mais fraco: deve abrir 930 mil vagas no ano, o pior resultado desde 2004.

Em meio à proliferação de avaliações pessimistas, o economista Sandro Silva, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socio­­econômicos (Dieese-PR), vê boas chances de uma recuperação da economia e do mercado de trabalho neste semestre. "Os dados mais recentes mostram que a produção industrial melhorou e a inflação caiu. Por isso, a tendência é de negociações salariais melhores, o que teria impacto no consumo e no próprio mercado de trabalho", diz Silva.

Paraná

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