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Dantas

Um dos homens mais ricos do país, banqueiro iniciou império na Bahia

Rio (Folhapress) – Fiel ao estilo de educação inglesa, o engenheiro e economista Daniel Dantas, 50 anos, mantém a imagem de empreendedor capaz de reunir fortunas com a mesma obstinação e frieza com que afasta sócios em disputas. Discreto na vida pessoal, um dos homens mais ricos do Brasil trabalha das 7h30 às 23 horas. Não tira férias nem ostenta riqueza. Pouco sai de sua cobertura, no Rio de Janeiro.

Esse empresário baiano começou a trabalhar cedo. Montou fábrica de sacolas, teve posto de gasolina, trabalhou na indústria têxtil e numa empresa de turismo. Foi engenheiro na empreiteira baiana Odebrecht. Ligado ao PFL, aproximou-se do senador Antônio Carlos Magalhães por indicação de Mário Henrique Simonsen. Foi conselheiro do partido e do governo federal nas sugestões para tentar salvar o banco Econômico.

Durante dez anos, foi sócio do também baiano Nizan Guanaes na agência de publicidade DM9. Dantas foi citado como possível ministro da Fazenda no governo Fernando Collor (1990-1992). Antes do confisco, investiu em café e soja e fez bom dinheiro com exportações.

O banco Opportunity começou a operar em 1996. Teve como sócio Pérsio Arida, ex-presidente do Banco Central. O império de Dantas foi montado em cima de fundos de pensão públicos e de sócios estrangeiros com os quais tinha conflitos: a Telecom Italia, na telefonia fixa, e o grupo canadense TIW, no caso dos celulares. Questionava-se seus poderes de gestor, sendo um minoritário. Os fundos de pensão exigiam maior transparência no caixa gerido pelo Opportunity.

Em 1998, Dantas esteve no centro das investigações sobre suspeitas de favorecimento na privatização de empresas do Sistema Telebrás. Em maio de 1999, começaram as divergências com os sócios Telecom Italia e os fundos de pensão. Os italianos achavam que os acordos da fundação da sociedade eram lesivos a seus interesses.

Em 2000, sócios e fundos de pensão estatais entraram na Justiça contra o Opportunity, por supostas manobras societárias. No ano passado, a Brasil Telecom – controlada até então por Dantas – foi acusada de contratar a Kroll para espionar a Telecom Italia. As investigações teriam extrapolado o mundo empresarial, atingindo figuras do governo federal. Dantas negou que tivesse pedido à Kroll a violação do sigilo telefônico de pessoas.

Neste ano, entretanto, o banqueiro sofreu uma série de derrotas. Além de perder o controle da Brasil Telecom, o banqueiro se viu envolvido nas investigações das CPIS instaladas no Congresso para apurar as denúncias do mensalão, caixa dois para financiamento de partidos e utilização de empresas estatais para angariar fundos para eleições.

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