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Confira os principais produtos comercializados entre Brasil e Cuba no ano passado |
Confira os principais produtos comercializados entre Brasil e Cuba no ano passado| Foto:

Petrobras

Sobrou boa vontade, mas faltou o principal: petróleo

Um bom relacionamento diplomático, vontade política e dinheiro para investir. Só faltou combinar com os cubanos o principal: a existência de uma reseva economicamente viável sob a ilha caribenha.

O assessor especial de Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, esteve um missão oficial em Cuba na última semana, ocasião em que declarou a desistência da Petrobras em prospectar petróleo na ilha.

"Já está decidido. A Petrobras se retirou [do bloco que havia contratado]. Sentimos muito (...), mas a verdade é que é preciso trabalhar com realidades tangíveis", afirmou à imprensa, durante a visita.

Em 2008, a Petrobras, juntamente com a estatal Cubapetróleos (Cupet), buscou reservas no bloco N-37, sem sucesso. Entre 1998 e 2001 a empresa tinha perfurado outras áreas, também sem êxito.

"Sentimos muito [mas] no tema da prospecção, o Brasil vai ter de concentrar sua busca nos nossos recursos [porque] temos grandes reservas", afirmou Garcia.

Reunião

Duarante a viagem – a primeira visita oficial de um representante do governo brasileiro em Cuba desde a posse da presidente Dilma Rousseff –, Garcia teve uma reunião com o presidente cubano, Raul Castro.

Segundo a imprensa oficial do país, o encontro serviu para "abordar o excelente estado das relações entre Cuba e o Brasil, especialmente sobre desenvolvimento das perspectivas de vínculos econômico-comerciais, bem como temas atuais do cenário internacional". A reunião foi acompanhada pelos ministros cubanos de Relações Exteriores e Comércio Exterior e Investimentos Estrangeiros.

Procurada para divulgar um balanço sobre o encontro, a Secretaria de Imprensa da Presidência da República brasileira afirmou que não haveria nada a ser anunciado, já que a visita foi apenas para "contatos políticos". Ainda segundo a secretaria, nenhum acordo de cooperação foi assinado durante a visita, já que esse tipo de procedimento é feito apenas pelo Itamaraty, canal oficial da diplomacia brasileira. (ACN)

Medicina

Operadora oferece "turismo de saúde" em Cuba

Reconhecida internacionalmente por deter um conhecimento técnico-científico na área médica comparável aos dos países mais desenvolvidos do mundo, Cuba também é destino certo para pacientes em busca de tratamentos de saúde avançados.

Esse nicho de "turismo de saúde" é um negócio explorado há uma década pela agência de turismo Sanchat Tour, que promove os serviços de saúde de Cuba no Brasil em parceria com a Cubanacan Turismo e Saúde, agência ligada ao governo cubano.

Dentre os principais tratamentos médicos procurados no país estão os de retinose pigmentária – doença oftalmológica de origem genética que ataca a retina, causando destruição de suas células –, doenças dermatológicas como vitiligo e psoríase, além de tratamentos oncológicos e de reabilitação neurológica.

A consultora de viagens Gricel Quesada, da Sanchat Tour, explica que o interessado em um tratamento médico em Cuba deve entrar em contato com a agência de viagens, que intermedeia o processo com o Ministério de Saúde de Cuba. "Os exames são enviados e os médicos cubanos avaliam os casos, antes de aprovarem o tratamento", diz.

Ela explica que os remédios usados nos tratamentos são desenvolvidos em Cuba com tecnologia exclusiva, que garante a cura para tratamento de vitiligo e psoríase, inclusive regredindo as marcas deixadas pelas doenças.

Gricel afirma que o tratamento para dependência química e alcoolismo é um dos mais eficientes, e cita o caso do ídolo do futebol argentino Diego Maradona, amigo pessoal de Fidel Castro, que buscou tratamento no país caribenho para se livrar do vício das drogas – aparentemente com sucesso.

A consultora não revela o custo de um tratamento por dizer que ele pode variar dependendo do caso. "Mas com certeza é bem mais barato que [um tratamento] no Brasil", garante.

"Primeiro Mundo"

Cuba possui um dos menores índices de mortalidade infantil do planeta, com 5,82 óbitos para cada 1 mil nascidos até 1 ano de idade, duas posições acima dos Estados Unidos. Já a expectativa de vida de 77,45 anos é uma das maiores da região, o que coloca o país na 55ª posição dentre 244 países. Já o Brasil, com média de 72 anos, figura na 123ª posição global.

O índice de contaminação da população por Aids também é um dos menores dos mundo – a doença atinge 0,1% da população. O índice é comparável ao de países como Finlândia e Noruega e representa a metade do registrado na Dinamarca. No Brasil, a taxa de contaminação é de 0,6%. (ACN)

Serviço:

Sanchat Tour

Rua Sete de Abril, 404 - cj. 21/22 – São Paulo-SP

Telefone: (11) 3017.3140 :: Fax: (11) 3258.8859

Site: www.sanchattour.com.br

  • A recente demissão de 500 mil funcionários públicos é mais uma das evidências do crepúsculo do modelo socialista seguido pelo governo de Havana

Os sinais cada vez mais evidentes de esgotamento do modelo socialista de Cuba dão como irreversível a necessidade de profundas reformas que levem a uma abertura do sistema econômico do país. E cada passo, ainda que lento, em direção a uma "perestroika cubana" é percebido como uma oportunidade por investidores brasileiros.

O Brasil é hoje o quinto parceiro comercial do país caribenho e uma certa afinidade ideológica entre os dois governos é apontada por especialistas como um elemento-chave capaz de alavancar novos negócios entre os países. "O mercado [cubano] vai se reestruturar. Isso é visível. Basta apenas saber quando e em que velocidade", avalia o diretor de negócios da Agência Brasileira de Promoção de Exportações (Apex-Brasil), Maurício Borges.

Segundo ele, o Brasil vem pavimentando as relações econômicas com a ilha há mais de cinco anos, em um processo que culminou com a inauguração de um escritório comercial da Apex em Havana em outubro de 2008.

Desde o início dessa aproximação, a corrente de comércio – soma de importações e exportações – entre os países cresceu mais de 520%, saltando de US$ 92 milhões em 2003 para US$ 572,2 milhões em 2008, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). Em 2009, em função da crise econômica internacional, houve uma queda de 42% na corrente comercial, que fechou o ano em US$ 330 milhões. Em 2010, o volume de transações acumulou US$ 488,2 milhões, com superávit de US$ 341,4 milhões em favor do Brasil.

Oportunidades

"As empresas estão enxergando as oportunidades e as vantagens em função da parceria político-econômica entre os países. O Brasil é visto como uma espécie de parceiro estratégico e isso pode fazer a diferença nesse processo", ressalta Borges.

O gerente da Unidade de Assessoria Internacional do Sebrae Nacional, Vinicius Lage, também destaca a afinidade entre os países como uma vantagem competitiva. "Os cubanos gostam do Brasil, dos brasileiros, da moda, do futebol e do [ex-presidente] Lula. Isso abre portas", avalia.

Segundo ele, o Sebrae trabalha em projetos de cooperação técnica para mapeamento das oportunidades em Cuba. "O custo de se chegar a um ambiente desconhecido é muito alto. A tarefa é abrir canais, criar redes de contatos, gerar informações e preparar os empresários, para depois fazer negócios", explica.

O Sebrae, que apoia e estimula o empreendedorismo no Brasil, poderá agora se dedicar sobre a questão da livre iniciativa em Cuba – há alguns meses, o governo cubano anunciou a demissão de 500 mil funcionários públicos, que terão de buscar formas de subsistência econômica na iniciativa privada.

"Temos uma relação com Cuba que não é institucional, mas que resultou em alguns projetos entre 2002 e 2004, levando à criação de empregos e produção de alimentos no campo", diz Lage. Mas, segundo ele, os projetos foram abandonados por falta de cooperação técnica com as instituições locais.

Mesmo assim, o gerente classifica Cuba como um "grande laboratório". "O contexto cubano, onde há restrições à livre iniciativa e o país permanece preso ao modelo mental da Revolução, se confronta com a grande vontade da população de criar coisas. Os cubanos vivem com suas dificuldades, mas sempre se viraram, criando coisas como iniciativas para geração de renda."

Essa vocação empreendedora, forjada pelas restrições impostas pela frágil economia do país, e o alto nível de capital humano – Cuba possui os melhores índices de educação da região – são "matérias-primas" que podem transformar o país em um próspero centro empreendedor.

"Numa situação de análise de empreendedorismo, um fator fundamental é a oportunidade de coisas que possam ser transformadas em negócios, serviços e bens. Outro é que haja gente interessada e capacitada para transformar aquilo em um negócio. Portanto, Cuba aparece sim como uma 'ilha de oportunidades'", avalia.

Mas para que isso aconteça, é preciso aprofundar o processo de transição do país. "Não se sabe ainda qual o modelo a ser seguido. Com o estado controlando o acesso ao dólar, a liberação de empreendimentos e a quantidade de lucros, o ambiente de negócios fica muito inibido. Tudo vai depender do modelo adotado daqui para frente, a exemplo da China, que, mesmo com a maior presença do Estado, têm a economia mais próspera do planeta", compara.

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