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Um monstro chamado Google

Vídeo | Reprodução/TV Globo
Vídeo (Foto: Reprodução/TV Globo)

Em menos de um ano, o Google comprou treze empresas. De companhias especializadas em publicidade online a desenvolvedoras de softwares, nada parece saciar a fome do gigante de US$ 100 bilhões. Nos últimos dez dias, quatro empresas foram engolidas pelo monstro: a fabricante de programas Peakstream, a produtora de antivírus GreenBorder, o site de compartilhamento de fotos Panoramio e o FeedBurner, um dos serviços pioneiros no uso comercial do RSS – tecnologia que agrega notícias e conteúdos no momento em que eles entram no ar na web.

Ninguém sabe ao certo quanto custou esta última ida do Google às compras, mas analistas do mercado de tecnologia apontam para cerca de US$ 250 milhões. Uma pechincha, dadas às proporções da empresa compradora, que tem no currículo os arremates recentes do YouTube e do DoubleClick. Juntos, esses dois negócios custaram US$ 4,75 bilhões aos cofres da empresa – surgida, sempre é bom ressaltar, há menos de nove anos como um simples site de buscas.

A estratégia do Google, ao que tudo indica, é diferente daquela experimentada no passado por outros mamutes da informática, como IBM, Microsoft e Cisco. Em vez de comprar concorrentes, ou possíveis ameaças ao seu negócio central, os fundadores Sergey Brin e Larry Page convencem os acionistas a adquirir empresas menores e que complementem o portfólio do Google. Um exemplo disso é o site de fotografias Panoramio, desenvolvedor de um sistema que identifica o local geográfico onde as imagens foram tiradas. Com ele sob o seu guarda-chuva, o Google pode incrementar ainda mais seus programas Earth e Maps.

A nova ferramenta Street View do Google Maps, por exemplo, permite que os usuários vejam fotografias dos endereços pesquisados. Por enquanto, o serviço está disponível apenas em cinco cidades norte-americanas (Nova Iorque, San Francisco, Miami, Denver e Las Vegas), mas a empresa de Mountain View já mandou avisar que estenderá o Street View para outras cidades dos Estados Unidos e da Europa ainda neste ano. O Panoramio, portanto, veio em boa hora.

Nenhuma aquisição, porém, vem causando tanta controvérsia quanto a da agência de publicidade online DoubleClick. A Comissão Federal de Comércio (FTC, na sigla em inglês), órgão responsável por defender a concorrência nos Estados Unidos, está investigando a proposta de US$ 3,1 bilhões que o Google fez pela empresa. De acordo com fontes anônimas citadas pelo The New York Times, a implicância das autoridades americanas tem a ver com questões ligadas a privacidade e potenciais práticas anticompetitivas. Grupos de direitos civis, como o Electronic Privacy Information Center (Epic, ou Centro de Informações para a Privacidade Eletrônica), o United States Public Interest Research Group (USPirg, ou Grupo de Pesquisas de Interesse Público dos EUA) e o Center for Digital Democracy (CDD, ou Centro para a Democracia Digital), fizeram reclamações à FTC, pedindo que a agência barrasse a aquisição da DoubleClick a menos que o Google se comprometesse a apagar de seus servidores todas as informações que possam identificar seus usuários. As ONGs exigem que isso seja feito sistematicamente, logo após os internautas encerrarem sessões em páginas do Google.

"A compra permitirá que uma companhia tenha acesso a muito mais informações sobre as atividades de seus usuários na internet do que seus concorrentes. Por isso, é importante que o FTC acompanhe de perto esse negócio", afirmou por e-mail o diretor da Epic, Marc Rotenberg, lembrando que o Google coleta o histórico de buscas, enquanto a DoubleClick rastreia que sites são visitados pelos internautas.

Como bem lembra o especialista em negócios de tecnologia Jack Schoffield em seu blog, o FTC já investigou práticas teoricamente anticoncorrenciais da Microsoft e da Intel sem tomar nenhuma medida. Mas é no mínimo irônico que uma empresa cujo lema é "Don’t be evil", ou "Não seja mau", esteja sob suspeita de querer dominar o mundo online sem deixar muito espaço para os demais.

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