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Infraestrutura

Um projeto sem impasses ambientais

Trecho abandonado de ferrovia em Maracaju: diálogo inédito entre as partes envolvidas | Hugo Harada/ Gazeta do Povo
Trecho abandonado de ferrovia em Maracaju: diálogo inédito entre as partes envolvidas (Foto: Hugo Harada/ Gazeta do Povo)

O maior dilema para tornar viável a construção de um novo corredor ferroviário paranaense que ligue Maracaju, no Mato Grosso do Sul, a Paranaguá, passando por Cascavel e Guarapuava, está pacificado. A solução para conciliar uma estrada de ferro mais eficiente com o menor impacto ambiental possível deve ser apresentada ainda neste mês no relatório final dos estudos preliminares de viabilidade técnica, ambiental e econômica: um traçado que segue a BR-277 e desvia dos parques nacionais de Saint Hilaire-Lange e Guaricana, na Serra do Mar. Com o desatar deste nó, a licitação da obra deve ser anunciada até o fim do ano e o prazo de inauguração da nova ferrovia ficaria para 2017.

A proposta de traçado foi baseada nas informações passadas pelo Observatório de Conservação Costeira (OC2), um grupo de cerca de 30 pesquisadores que atuam na conservação da biodiversidade da Serra do Mar. O observatório levantou uma série de pontos que deveriam ser levados em conta para que o impacto ambiental da construção fosse reduzido. "Levamos uma lista com as áreas dos parques nacionais, áreas de encosta e de manancial. Uma construção como esta sempre vai ter impacto, mas levantamos quais pontos eram fundamentais que fossem respeitados", afirma o participante do OC2 e diretor-executivo da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), Clóvis Borges.

Em novembro, quando o presidente da Empresa de Planejamento Logístico (EPL), Bernardo Figueiredo, confirmou a construção do corredor ferroviário paranaense até Paranaguá, a condição imposta era de que a proposta teria ser ambientalmente viável. Desde então, governo do estado, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) e Instituto de Engenharia do Paraná (IEP) passaram a consultar os pesquisadores do observatório para tentar chegar à melhor alternativa.

Sete propostas

As três empresas responsáveis pelo anteprojeto apresentaram sete propostas de traçados, mas quatro foram descartadas de início por passarem pelas áreas dos parques nacionais. "É raro este tipo de diálogo neste estágio de projeto. A intenção é fazer a melhor proposta de trajeto e ganhar tempo", afirma João Arthur Mohr, membro do conselho de infraestrutura da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep).

Ainda que necessárias, as discussões preliminares entre engenheiros e ambientalistas não são comuns nesse tipo de projeto. "De uma forma inédita fomos chamados para colaborar. Não somos nós que vamos referendar o projeto ou a obra, mas apontamos aquilo que era importante", salienta Clóvis Borges, da SPVS.

Edital

Mesma licitação definirá projeto executivo e obra

Assim que o estudo preliminar for levado à ANTT e à Valec, uma única licitação deve definir a empresa que fará o projeto executivo e a construção da ferrovia. Com isso, a ideia da Empresa de Planejamento e Logística (EPL) é acelerar o processo de implantação das novas estradas de ferro. O plano preliminar deve ficar pronto neste mês. Depois disso, o projeto vai para chamamento público e a licitação do trecho Cascavel-Paranaguá será aberta. A obra está estimada, por ora, em R$ 9 bilhões. A outra parte do trajeto, de Mato Grosso do Sul ao Oeste paranaense, está em estudo pela Valec.

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