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Uma briga pelo futuro da banda larga

Usuário em meio a imagens de um novo smartphone, em Cingapura: crescimento da banda larga vai baratear dispositivos | Divulgação/Samsung
Usuário em meio a imagens de um novo smartphone, em Cingapura: crescimento da banda larga vai baratear dispositivos (Foto: Divulgação/Samsung)

Em menos de um ano, o número de acessos às redes de celular 3G aumentou de 1,45 milhão para mais de 5,5 milhões. Uma estimativa da empresa de pesquisas Pyramid Research prevê que as alternativas móveis vão superar outras formas de acesso à internet rápida (como o cabo e o ADSL, fornecido pelas operadoras de telefonia fixa) já em 2011. São números que completam o quadro de crescimento da telefonia celular em geral e colocam o país entre os que mais crescem no mundo nessa área. Um debate que se inicia agora, mas que só vai se resolver dentro de alguns anos, vai definir como será o futuro desses segmentos.

A discussão coloca em lados opostos as operadoras de telefonia e as empresas de tevê por assinatura. E é bastante técnica, em torno de uma faixa de radiofrequência que pode suportar tanto a quarta geração da telefonia celular (chamada LTE, com condições de atingir velocidades de até 300 megabits por segundo) quanto a concorrente Wimax, cujo desenvolvimento é estimulado pela Intel e está mais avançada em termos de utilização mundo afora. A discussão não se limita à internet, aliás. Pelas mesmas tecnologias, será possível transmitir voz e imagens.

As empresas de tevê paga já usam a tal frequência, de 2,5 gigahertz (Ghz), para suas operações via microondas, usando um sistema conhecido como MMDS. E querem oferecer o Wimax – a TVA, por exemplo, já faz testes em São Paulo e pretende ampliar para Curitiba, Porto Alegre e Rio de Janeiro; a Embratel também oferece o serviço a clientes corporativos. A regulamentação proposta pela Agência Nacional de Teleco­municações, no entanto, reserva a maior parte da faixa para as operadoras celulares. É a venda dessas licenças de 2,5 GHz que vai garantir a expansão dos serviços.

O crescimento da banda larga móvel no Brasil chamou a atenção da GSM Association, uma instituição que congrega 750 operadoras de telefonia em todo o mundo, além de cerca de 200 companhias que trabalham com fornecimento de equipamentos para telefonia, fabricação de computadores, desenvolvimento de software e de conteúdo para a internet rápida. Desde o início do mês, a instituição transferiu para o país o seu vice-presidente de políticas públicas, o brasileiro Ricardo Tavares, que até então estava baseado em San Diego, nos Estados Unidos. Uma das missões de Tavares é trabalhar para que o crescimento da banda larga móvel seja mantido. Isso inclui trabalhar com as operadoras para criar novos modelos de negócio e modalidades de serviço – e também batalhar para abrir espectros de radio frequência para suportar a expansão do serviço.

A GSM Association apóia o plano da Anatel tal como está. Seu argumento está justamente no tamanho do público que já assina os serviços 3G – os tais 5,5 milhões, contra 390 mil usuários dos serviços das operadoras de MMDS. "O Brasil precisa garantir espaço para o crescimento futuro", diz Tavares. Para ele, o futuro está na tecnologia LTE.

Do outro lado está a Neotec – Associação da Operadoras de MMDS. Seu presidente, Carlos André Albuquerque, diz que seria um risco destinar a maior parte das frequências às operadoras de celular. "É concentração demais nasa mãos de um único serviço", observa. Albuquerque argumenta que o crescimento da banda larga ofertada pelas operadoras de MMDS tem sido pequeno porque os agentes públicos não colaboram. "Nosso crescimento tem sido dentro de uma instabilidade horrorosa. Desde 2006 tentamos certificar aparelhos e não conseguimos", diz.

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