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Crise

Uma China virou fumaça em 2011

Fogos na noite de Ano Novo em Hong Kong: érdas na bolsa brasileira equivalem ao PIB local | Dale De La Rey / AFP
Fogos na noite de Ano Novo em Hong Kong: érdas na bolsa brasileira equivalem ao PIB local (Foto: Dale De La Rey / AFP)

Rio de Janeiro - A turbulência global nos mercados financeiros, causada principalmente pelo agravamento da crise das dívidas soberanas na Europa, fez desaparecer US$ 6,290 trilhões das bolsas de valores de todo o mundo em 2011. Este número leva em conta o valor de mercado total das companhias de capital aberto — medida do quanto vale uma empresa na Bolsa. As perdas, na esteira da desvalorização das ações mundo afora, equivalem ao PIB (Produto Interno Bruto, total de bens e serviços produzidos num país) da China, a segunda maior economia do mundo, de acordo com estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI). Em 2008, quando a quebra do banco americano Lehman Brothers estourou a crise, o montante perdido nas bolsas globais foi maior: US$ 27,920 trilhões.

O ano foi tão ruim para as bolsas que, entre os 91 principais índices de ações, acompanhados pela Bloomberg News, apenas nove registraram alta anual. Em 2008, apenas um desses índices fechou em alta. Mesmo assim, em 2011, entre as altas anuais, só o Dow Jones (5,5%) é relevante.

Segundo analistas, a crise na zona do euro foi o grande problema do ano, trazendo incertezas sobre o crescimento da economia mundial. A falta de solução para a situação da Grécia e a derrocada de Portugal e Irlanda, também obrigados a pedir ajuda por causa das dívidas, seria o início de um temor que chegaria à Itália e à Espanha.

A disputa política em torno da elevação do teto do endividamento público dos EUA também provocou danos. O rebaixamento do rating americano pela agência de risco Standard & Poor’s (S&P), em 5 de agosto, causou surpresa, mas, diferentemente de 2008, 2011 não viu um evento extremo. "Este ano não teve ruptura, a crise foi aos poucos. Quando parecia que a coisa entornaria, surgia alguma medida para trazer alívio", analisa o estrategista de varejo da corretora Ágora, José Francisco Cataldo.

Emergentes

Os mercados emergentes se destacam entre as perdas, seja porque suas bolsas estão cada vez maiores – e, portanto, têm perdas igualmente grandes –, seja porque as cotações derreteram neste ano. As bolsas da China lideram o tombo no valor, perdendo US$ 688 bilhões. O principal índice da Bolsa de Xangai recuou 18,11% em dólar, mas a queda no valor das empresas é grande também pelo peso do mercado chinês, que encerrou o ano com valor de US$ 3,075 trilhões, mais que o PIB do Brasil. Na Europa, o maior mercado é o do Reino Unido, mas o destaque em perdas ficou com a França, onde evaporaram US$ 361 bilhões do mercado.

Essa inação é classificada por Bandeira e outros analistas de mercado como "risco político", que assusta investidores por causa de sua imprevisibilidade. Embora o temor em relação à atuação dos políticos seguirá no radar em 2012 – haverá eleições na França e nos EUA –, o cenário pode não ser tão ruim para as bolsas.

Na avaliação do economista-chefe da corretora Gradual Investimentos, André Perfeito, as medidas de ajuste na Europa começarão a surtir efeito nos mercados, pois os países não querem "esfacelar sua união monetária".

Segundo o economista, o processo de saída da crise poderá levar anos, provocando até mesmo uma "década perdida" na Europa, mas um plano factível poderá diminuir a instabilidade. O desafio será restaurar a confiança dos investidores.

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