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Uma sombra sobre o petróleo brasileiro

Plataforma da Petrobras: licitação inclui quatro zonas terrestres e sete áreas marítimas. Áreas de maior potencial são nas bacias da Foz do Amazonas e Ceará | Agência Petrobras
Plataforma da Petrobras: licitação inclui quatro zonas terrestres e sete áreas marítimas. Áreas de maior potencial são nas bacias da Foz do Amazonas e Ceará (Foto: Agência Petrobras)

O leilão de direitos de exploração de petróleo e gás natural no Brasil, na próxima terça e quarta-feira, será um teste importante para o governo e para a indústria do petróleo, que lutam para avaliar o potencial de novas reservas gigantes no país. A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que regula o setor, vai oferecer a 64 companhias de petróleo brasileiras e internacionais os direitos sobre 289 áreas de exploração e produção em terra e no mar.

No último leilão, em 2008, o Brasil era o "queridinho" da indústria. A descoberta do campo de Lula, em 2007, foi uma das maiores do planeta nas últimas décadas. Depois que mais campos gigantes foram encontrados nas proximidades, pesquisadores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro estimaram que o polígono do pré-sal se estende ao redor de Lula e pode conter 100 bilhões de barris de petróleo, o suficiente para suprir todas as necessidades do mundo por mais de três anos.

A empolgação, tem se es­mae­cido. Exte­nuan­tes ba­ta­lhas políticas sobre como di­vidir os recursos acabou interrompendo uma década de leilões anuais de petróleo e elevaram o controle governamental sobre a riqueza, desestimulando novos investimentos. Os atrasos em projetos se alongaram. Empresas com grandes apostas no país, como a Chevron e o BG Group, repensaram planos porque uma falta de novas áreas tornou mais difícil justificar mais gastos.

Em queda

Enquanto isso, a produção brasileira de petróleo e gás caiu para 2,3 milhões de barris de óleo equivalente por dia em março, a menor em três anos e meio. A produção está 15% abaixo das máximas de 2012 e menos da metade do que o Brasil espera produzir em 2020.

"O governo tem muita coisa em jogo neste leilão, porque o Brasil não é tão atraente para os investidores quanto era há cinco anos", disse o diretor do Instituto Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires, um crítico de longa data da política de petróleo do governo e ex-membro da diretoria da ANP. "A questão que paira sobre a venda é a credibilidade."

O governo tem uma visão mais otimista. Ela espera arrecadar mais de R$ 1 bilhão com a venda, ou mais que o dobro dos lances mínimos previstos nas regras do leilão. Das 64 empresas participantes, número recorde, 44 já deram garantias financeiras necessárias para os lances. Empresas de seis continentes estão qualificadas.

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