Em um discurso contundente em defesa da manutenção do crescimento da região "protegido das avalanches" dos ataques especulativos, a presidente brasileira, Dilma Rousseff, pediu na quinta-feira que os países da América do Sul se unam fazendo acordos regionais para enfrentar a crise econômica mundial. O presidente da Colômbia, Juan Manoel Santos, anunciou, ao fim do encontro da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), que os presidentes dos Bancos Centrais e os ministros da Fazenda deverão se reunir, na semana que vem, em Lima, para começar a discutir o tema e detalhar as medidas que deverão ser adotadas. Em 11 e 12 de agosto, em Buenos Aires, uma nova rodada de reuniões com os mesmos interlocutores será realizada para definir quais serão os mecanismos conjuntos de proteção a serem adotados.

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Em seu discurso na Unasul, logo após a fala de Dilma, o presidente colombiano falou da importância desta "concertação" no âmbito dos Ministérios da Fazenda, para que sejam definidas as "medidas possíveis para que o capital especulativo não saia de um país e siga para o seu vizinho". A presidente argentina, Cristina Kirchner, por sua vez, salientou que a data da reunião de 11 e 12 de agosto é bastante adequada porque os países poderão definir sua estratégia de atuação conjunta, após a decisão dos Estados Unidos em relação ao pagamento ou calote de sua dívida. "Temos de nos defender do imenso, do fantástico, do extraordinário mar de liquidez que se dirige para as nossas economias buscando a rentabilidade que não tem nas suas economias", desabafou Dilma. Ela fez questão de ressaltar que esta "não pode ser uma proteção paralisada, ou uma proteção congelada", mas que permita que os países continuem a crescer e incluir.

Dilma afirmou ainda que é preciso enfrentar os desequilíbrios cambiais que dificultam a competitividade e pediu que os países da região se esforcem para "prosseguir trabalhando em favor de nossas trocas, investimentos recíprocos". "Devemos estabelecer modalidades de financiamento às exportações, com créditos recíprocos e aperfeiçoamentos para enfrentar barreiras pontuais, avançando na integração", disse. Para Dilma, com esta integração regional e ampliação das trocas na região, os países da América do Sul poderão se proteger dos produtos asiáticos que estão "alagando nossos países com produtos importados", comprometendo os empregos.

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Em encontro realizado ontem em Brasília, Dilma Rousseff e Cristina Kirchner reafirmaram sua preocupação em "blindar" as economias sul-americanas contra a onda mundial de liquidez que valoriza as moedas locais.