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Para garantir a expansão da atividade econômica, os países em desenvolvimento devem focar suas políticas de crescimento em ações que fortaleçam os mercados internos e também apostar num aumento, conjunto, da produtividade das empresas e do salário dos empregados. A avaliação consta do relatório anual da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad), divulgado mundialmente nesta terça-feira.

No entender dos economistas responsáveis pelo trabalho, o consumo doméstico dos Estados Unidos não será mais o motor de crescimento global. Eles apontam, ainda, que a China não conseguirá assumir o papel da economia americana, pelo menos no curto prazo. "Nessa situação, muitos países em desenvolvimento que se tornaram excessivamente dependentes das exportações precisam fortalecer a demanda doméstica para garantir o seu crescimento e permitir a criação de empregos", afirmam os responsáveis pelo relatório.

"A China não pode compensar os Estados Unidos. O consumo chinês é apenas um oitavo do americano", afirmou Alfredo Calcagno, economista sênior da Unctad e um dos autores do trabalho.

Diante deste cenário, os economistas defendem que os países em desenvolvimento devem reorientar suas políticas macroeconômicas para aumentar o poder de consumo em massa e incrementar os investimentos. Esses elementos, em conjunto, podem gerar mais empregos e combater a pobreza, indicam os autores do estudo. "Temos que revisar a forma como se vê emprego e salário", disse Calcagno. "Os governos precisam mexer em suas caixas de ferramentas para fazer com que salários cresçam com a produtividade das empresas", acrescentou.

Juros baixos

Para que o processo sugerido seja viável, os países em desenvolvimento precisam manter o custo do crédito baixo, ou seja, ter taxas de juros em patamares que não inviabilizem os investimentos por parte das empresas. A apreciação cambial excessiva também deve ser combatida.

No trabalho, os economistas da Unctad chamam atenção para o aumento dos riscos de inflação em alguns países em desenvolvimento. Ainda assim, os autores afirmam que um aperto da política de juros seria ineficiente para estabilizar preços e além disso, poderia atrair a entrada de capitais especulativos, com potencial de desestabilizar o quadro econômico.

Apesar de o Brasil recentemente ter elevado a taxa básica de juros para conter a inflação, Calcagno foi enfático em afirmar que as sugestões incluídas no relatório não tratam especificamente de nenhum país. "Não fizemos uma análise caso a caso. É impossível", disse.

A mensagem geral, segundo o economista, é que os governos precisam fomentar os investimentos e o emprego, mas cada um saberá de que forma fazer isso. "Não temos a pretensão de apresentar uma solução comum para todos como alguns outros organismos internacionais, que criticamos, tentam", afirmou Calcagno.

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