A dragagem de manutenção será feita pela Appa e a de aprofundamento, pela Secretaria de Portos do governo federal| Foto: Antônio More/ Gazeta do Povo

Contrapartida

Governo federal quer mais poder sobre 16 portos delegados

Em troca dos investimentos que vêm sendo feitos nos portos brasileiros e os que estão previstos no Plano Nacional de Logística Portuária (PNLP) – estudo executado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e que termina no fim deste ano com o diagnóstico das necessidades de reforma e ampliação e vocações de cada terminal –, o governo federal também quer uma fatia do poder de decisão nos 16 portos delegados aos estados e municípios do país.

O Porto de Paranaguá, maior porto delegado do Brasil (com 34,3 milhões de toneladas movimentadas no ano passado) está entre os prioritários, junto com os de Rio Grande (RS) e Itaqui (MA). O último contrato de delegação do porto paranaense ao estado pela União foi assinado em 2001 com prazo de 25 anos, renováveis por mais 25.

Segundo a Secretaria de Portos (SEP), a ideia é que o governo federal tenha uma participação mais ativa nas diretorias-executivas, podendo influenciar com uma visão macro e evitando a tomada de decisões somente sob o ponto de vista local. Uma das principais preocupações, segundo a SEP, é que boa parte dos portos delegados não cumpre integralmente a exigência de reinvestir o lucro obtido das tarifas. Há também a possibilidade de transformar, com o tempo, aqueles que funcionam como superintendências em empresas de economia mista – hoje há 18 companhias de docas no país nessa situação.

"É natural esse desejo de maior pariticipação do governo federal, até como forma de pensar a logística do país de forma macro, evitando interferências políticas. Nós já estamos, desde o início deste governo, em diálogo constante com a SEP e a Antaq [Agência Nacional de Transportes Aquaviários]", diz o superintendente da Appa, Airton Vidal Maron. A repactuação dos contratos deve começar tão logo o PNLP esteja pronto.

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O projeto de dragagem dos portos de Paranaguá e Antonina mudou e foi dividido em duas fases. A primeira, de manutenção, será de responsabilidade do governo estadual e terá de ser feita com recursos da própria Appa, autarquia que administra os terminais. A segunda etapa, que compreende a dragagem de aprofundamento do canal de acesso dos navios e da bacia de evolução, ficará a cargo da Se­­cretaria de Portos (SEP) do governo federal. Após essa intervenção, a profundidade em Paranaguá passará dos atuais 8 a 12 metros para até 16 metros; em Antonina, a profundidade passará de 6 para 9,8 metros.

A Appa diz que está esperando por uma licença de operação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para poder lançar o edital de licitação para a contratação da dragagem de manutenção dos pontos mais críticos do Porto de Paranaguá. O Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima) foi aprovado recentemente pelo Ibama e apresentado à população em audiência pública no dia 28 de julho. A estimativa é de que o licenciamento ambiental saia em um mês e que os trabalhos comecem em janeiro ou fevereiro de 2012.

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Custos

Pelo EIA/Rima, enquanto a dragagem de manutenção prevê a retirada de cerca de 5 milhões de metros cúbicos de material, a de aprofundamento vai remover mais de 12 milhões de metros cúbicos. Quando orçadas juntas, ainda em julho, as duas etapas estavam estimadas em pouco mais de R$ 177,3 milhões.

Agora o superintendente da Appa, Airton Vidal Maron, estima que a etapa de manutenção custe cerca de R$ 30 milhões. A SEP trabalha com um orçamento de R$ 53 milhões para o aprofundamento, como parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e deve começar as obras no ano que vem, logo após a dragagem de manutenção. Maron, porém, alerta que esse valor deve mudar: nas conversas com a SEP, o projeto está crescendo, incluindo mais intervenções, como a derrocagem (retirada de pedras do fundo do mar). Fala-se em algo perto de R$ 100 milhões, mas nem Appa nem SEP confirmam.

Verba

Entre os recursos da União que os deputados federais paranaenses tentam garantir para o estado em 2012 por meio de emendas estão R$ 227 milhões para o Porto de Paranaguá, dos quais R$ 82,5 milhões para a dragagem de aprofundamento do canal de acesso e bacias de evolução e R$ 100 milhões para a dragagem de manutenção. Trata-se de uma tentativa do governador Beto Richa de arrancar também do governo federal recursos que seriam da responsabilidade da Appa em uma primeira dragagem e nas futuras intervenções necessárias para a manutenção do porto. A Appa, no entanto, garante que tem o dinheiro necessário em caixa.

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