França e Alemanha pediram à Grécia nesta segunda-feira (6) que apresente propostas sérias para retomar as negociações sobre ajuda financeira, aumentando a pressão sobre o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, um dia depois de seu país votar contra mais medidas de austeridade.
Após uma reunião em Paris, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, François Hollande, disseram que Atenas precisa agir rapidamente se quiser garantir um acordo financeiro em troca de reformas com credores internacionais e evitar sair da zona do euro.
O Banco Central Europeu (BCE) decidiu manter um limite rigoroso no financiamento aos bancos gregos, que têm permanecido fechados há mais de uma semana para evitar saída massiva de dinheiro que poderia levar a um colapso. O BCE também decidiu elevar a garantia que os bancos gregos precisam fornecer por qualquer empréstimo.
Uma autoridade do Ministério das Finanças da Alemanha refutou a ideia de que seu país estaria disposto a conceder algum alívio de dívida à Grécia, posição há muito buscada pelo governo de Tsipras.
Renúncia
No entanto, ainda em um sinal de que Atenas está firme na busca por um novo acordo, o combativo ministro das Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis, renunciou nesta segunda-feira, aparentemente sob pressões de outros ministros das Finanças da zona do euro que não o queriam mais como parceiro nas negociações.
Mais cedo, Tsipras prometeu à chanceler alemã que a Grécia vai levar uma proposta para um acordo de reformas em troca de dinheiro à cúpula de emergência de líderes da zona do euro na terça-feira (7), afirmou uma autoridade grega. Não ficou claro quanto ela vai diferir de outras propostas rejeitadas no passado.
Após o resultado do referendo de domingo, autoridades em Bruxelas e Berlim disseram que uma saída da Grécia da zona do euro parece agora ainda mais provável. Mas também afirmaram que as conversas para evitar isso serão mais fáceis sem Varoufakis, um economista que se declara “marxista errático” e que enfureceu os parceiros da zona do euro com o seu estilo pouco convencional e afirmações intimidadoras. Ele fez campanha pelo “não” no referendo de domingo, acusando os credores da Grécia de “terrorismo”.
O sacrifício dele indica que Tsipras, de esquerda, está determinado a tentar chegar a um compromisso de última hora com as autoridades europeias. O principal negociador com os credores internacionais, Euclid Tsakalotos, um economista acadêmico de fala suave, foi nomeado ministro das Finanças.
Para alcançar qualquer novo acordo, a Grécia terá que superar forte desconfiança entre os parceiros, acima de tudo da Alemanha, maior credora da Grécia e maior economia da UE, onde a opinião pública endureceu em favor de a Grécia deixar a zona do euro.
Após cinco anos de crise econômica e forte desemprego, o voto pelo “não” aos termos do resgate internacional, já rejeitado pelo governo do país, venceu por 61,3% do total de votos.
Com dinheiro contado, gregos estocam comida e atrasam contas
- atenas
Sem que haja uma data para a reabertura dos bancos e sem saber até quando os caixas automáticos terão dinheiro, os gregos estão contendo ao máximo os gastos e acompanhando com ansiedade os desdobramentos da vitória do “não” no plebiscito do último domingo (5). O dinheiro disponível vai para comida, remédios, cigarro e gasolina. A maioria dos postos não está mais aceitando cartões.
“Ninguém está pagando contas de luz, gás, aluguel. O dinheiro vai só para os gastos diários, essenciais. Minha mãe gasta metade da pensão dela com remédios”, conta o policial Dimitris Chatzis, 47 anos, depois de esperar na fila para sacar 50 euros de um caixa automático.
A cota de 60 euros diários que cada grego tem direito a sacar desde 29 de junho foi reduzida, na prática, a 50, porque as notas de 20 se esgotaram. As lojas do Centro de Atenas e de shopping centers como o Metrol Mall, na zona norte de Atenas, com clientela de classe média baixa, estão vazias. O tráfego em Atenas nesta segunda-feira (6) parece o de um feriado.
Confisco
Além da falta de dinheiro na mão, o que preocupa os gregos são os rumores de confisco. Segundo o jornal britânico Financial Times, uma das alternativas estudadas para a bancarrota dos bancos é a de que parte dos depósitos bancários superiores a 8 mil euros seja confiscada. Com o controle de remessa de capitais ao exterior implementado na semana passada, os gregos não têm mais a possibilidade de mandar dinheiro para contas em outro países.
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast