A União Europeia (UE) aprovou ontem a liberação da parcela de 8 bilhões de euros (R$ 19,5 bilhões) à Grécia, que é parte do empréstimo concedido em 2010. Se o dinheiro não saísse, o país não teria como pagar salários e aposentadorias no mês que vem. Falta o aval do Fundo Monetário Internacional (FMI), o que é dado como certo.
A liberação ocorre após o país aprovar no Parlamento mais um pacote de austeridade, que corta o número de funcionários públicos, reduz salários e aumenta tributos. Eram medidas exigidas pelo FMI e pela UE.
Mas os problemas do país estão longe de acabar.
Documento distribuído aos ministros das Finanças europeus, que ontem iniciaram uma reunião, sugere que os credores da Grécia devem aceitar um corte de até 60% no que tem a receber ou a ajuda ao país terá que mais que dobrar de tamanho. O calote, ou "reestruturação da dívida", como preferem as autoridades, seria a única forma de a Grécia tentar se reerguer, uma vez que sua dívida já ultrapassa os 160% do PIB.
Sem acordo
Esse porcentual de corte é um dos pontos de dissenso entre Alemanha e França que obrigaram os líderes europeus a adiar o pacote que busca resolver a crise grega e de toda a zona do euro. A expectativa era que essas medidas saíssem no domingo, após reunião em Bruxelas. Mas foi marcada nova reunião, para quarta-feira.
Alemanha e França, as maiores economias do continente, também não entraram em acordo sobre como garantir recursos aos demais países da região que poderão sofrer ainda mais com a desconfiança do mercado, uma vez definido o calote grego. Irlanda, Portugal, Itália, Espanha e França já estão tendo que pagar juros altos para conseguir empréstimos.
A ideia é que o Fundo de Estabilidade Financeira, que dispõe de 440 bilhões de euros, funcione como garantidor desses países. Mas economistas dizem que esse valor é pequeno, e que o fundo deveria ter de 2 trilhões de euros a 3 trilhões de euros. A França quer uma maior participação do Banco Central Europeu. A Alemanha e o próprio BCE são contra. Dizem que os tratados da UE proíbem que o BC seja usado para financiar países.
Além disso, a chanceler alemã, Angela Merkel, enfrenta resistências no Parlamento para elevar o valor da parcela do país no fundo. Para que a reunião de domingo não dê uma impressão de total fracasso, há expectativa de que sejam anunciadas ao menos medidas para capitalização de bancos.