A reorganização societária da Gol e da Varig em uma única empresa deverá resultar na fusão da malha de vôos e tripulação das duas companhias, unificação de diretoria e conselho administrativo, além de estrutura de terra, como balcões de atendimento em aeroportos, o que deverá custar "muitas demissões". A avaliação foi feita nesta tarde pelo consultor aeronáutico Paulo Bittencourt Sampaio, da Multiplan. Gol e Varig têm, juntas, 16,6 mil trabalhadores.

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Diante dessa perspectiva, o Sindicato Nacional dos Aeroviários (SNA), categoria que deverá ser mais afetada com os cortes que deverão ser realizados, encaminhou às diretorias das duas empresas uma solicitação de informações mais detalhadas sobre os cortes que deverão ser feitos. A informação é da secretaria-executiva do sindicato, Selma Balbino.

"Isso já era uma coisa esperada a partir da aprovação da negociação pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica)", afirmou Sampaio. Ele se referiu ao dia 25 de junho, quando o Cade deu aval à compra da Varig pela Gol, anunciada em março do ano passado por US$ 320 milhões. A Gol não se pronuncia sobre o assunto porque os executivos estão em "período de silêncio", por causa da divulgação de resultados financeiros do segundo trimestre, prevista para o início de agosto.

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"Hoje, o nosso presidente (Fernando Galdino da Silva) encaminhou correspondências para as diretorias das duas empresas para saber se vai haver demissões, quantas serão e qual o critério. Exigimos que a convenção coletiva de trabalho seja respeitada", disse Selma.

Sampaio diz que toda a diretoria da Varig passará a ser concentrada em São Paulo, já que há dois diretores que ainda permanecem no Rio. De acordo com o especialista, gerências, diretorias e conselhos de administração passarão a ser uma só para as duas empresas, assim como o serviço de manutenção de aeronaves será concentrado no Aeroporto Internacional Tancredo Neves (Confins), em Minas Gerais, onde está o centro de manutenção da Gol.

Para o passageiro, a transformação mais visível deverá ser a utilização das duas marcas em apenas um balcão de atendimento nos aeroportos, considera Sampaio. Ele lembra da época em que a Varig e a Cruzeiro do Sul utilizavam a mesma estrutura para check-in, com as duas marcas lado a lado. Até os uniformes das tripulações dos aviões deverá seguir o mesmo padrão, acredita o consultor, mas as duas bandeiras e a pintura das aeronaves serão as mesmas.