Orientação
Consumidor deve resistir a abusos
No meio da discussão entre as Unimeds do Paraná e os cirurgiões cardiovasculares estão os mais de 1 milhão de clientes do plano no estado. Principalmente nas cidades onde a saída total dos profissionais foi confirmada, como Londrina, Ponta Grossa e Cascavel, o Procon-PR insiste para que os consumidores não aceitem, em nenhuma circunstância, qualquer tipo de nota ou cobrança por fora. "O atendimento é obrigação do plano de saúde", lembra a coordenadora do órgão, Claudia Silvano.
A Unimed Paraná garantiu tanto à Gazeta do Povo quanto ao Procon-PR, com quem se reuniu na tarde da última quinta-feira, que montou um esquema para o atendimento dos pacientes das singulares, que inclui, se necessário, até o envio do cliente a outra cidade ou estado. "Temos centros de referência à nossa disposição e mesmo hospitais próprios da Unimed no Brasil. Os clientes não precisam se preocupar. Não ficarão desassistidos", disse o presidente da Federação, Orestes Barrozo Medeiros Pullin.
Em caso de dificuldade, o consumidor deve avisar a Agência Nacional de Saúde Suplementar, a ANS (0800-7019656) e também pode contar com o auxílio do Procon (0800-411512). (FZM)
A Unimed Paraná, federação que representa as pessoas jurídicas das 22 Unimeds do estado, não vai negociar diretamente com os cirurgiões cardiovasculares que pedem o reajuste de seus honorários. O presidente da Unimed Paraná, Orestes Barrozo Medeiros Pullin, explicou que cada Unimed tem seus próprios sócios os médicos e que, por isso, é com as respectivas singulares que os profissionais têm de conversar.
"Não nos cabe definir valores de procedimentos. A negociação tem de ser feita entre cada singular e seus médicos, o que nada mais é que uma conversa entre sócios", disse Pullin à Gazeta do Povo.
A Cooperativa dos Cirurgiões Cardiovasculares do Paraná (CoopCárdio-PR) tem insistido em uma negociação de parâmetro estadual, ao menos entre as dez singulares que têm médicos da especialidade como sócios. "O acordo financeiro em si pode ser discutido caso a caso, mas estamos batendo na tecla de uma congruência estadual nos valores para que não haja disparidades entre a remuneração dos colegas do interior e os da capital."
Desligamentos
Uma semana depois do anúncio da CoopCárdio-PR de que os médicos da especialidade estariam pedindo o desligamento das Unimeds do estado devido ao impasse nas negociações para o reajuste de seus honorários, a quantidade de profissionais que efetivaram uma solicitação de demissão é apenas parcial.
Dos 78 cirurgiões cardiovasculares do estado vinculados às Unimeds, 18 tiveram o pedido de saída oficializado a maioria em cidades do interior, como Londrina, Ponta Grossa e Cascavel. Na Unimed Curitiba, maior singular do estado, com quase 540 mil clientes e 3,9 mil de médicos ativos, apenas um dos 55 profissionais da especialidade pediu para sair da operadora.
Desde o ano passado as negociações entre CoopCárdio-PR e planos de saúde em geral se intensificaram. O presidente da entidade, o cirurgião cardiovascular de Ponta Grossa Marcelo Ferraz de Freitas, diz que mais de 30 outros planos de saúde, de diferentes tipos, entraram em acordo com a CoopCárdio-PR para o aumento dos honorários desde então, menos as Unimeds. Ele afirma que a maior parte das singulares paga uma média de R$ 1,3 mil a R$ 1,8 mil por procedimento, enquanto que o valor ideal, de acordo com o que preconiza a Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, é de cerca de R$ 15 mil para uma equipe que envolve de três a quatro pessoas.
A última proposta da Unimed Curitiba foi de pagar entre R$ 5 mil e R$ 10 mil, dependendo do procedimento e de acordo com a 4ª edição da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM). A contraproposta da CoopCárdio-PR foi de R$ 7,5 mil, com a possibilidade de aumento escalonado, em um prazo de dois anos, para os R$ 15 mil. A proposta não foi aceita pela operadora e o impasse persiste.
Em entrevista à Gazeta do Povo na última quinta-feira, o diretor-presidente da Unimed Curitiba, Sérgio Ossamu Ioshii, disse que a operadora não tem como atender ao pedido da CoopCárdio-PR e muito menos de garanti-lo de forma igualitária para as outras especialidades. "Dentro do espiríto do cooperativismo não podemos privilegiar um grupo", disse.
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