Depois de quatro anos de resistência, o Uruguai vai consolidar nesta terça-feira (10) uma posição de maior sintonia com o Brasil. Em visita a Brasília, o presidente Tabaré Vázquez se aliará ao colega Luiz Inácio Lula da Silva no combate ao protecionismo argentino e receberá o aval do governo brasileiro para implementar o sistema de comércio bilateral com moedas locais e para a conexão elétrica direta de seu país com o Brasil.
A agenda positiva Brasil-Uruguai será consagrada no mesmo momento em que a agenda comercial Brasil-Argentina se deteriora. Mesmo no otimista Itamaraty, o fiasco do encontro os presidentes Lula e Cristina Kirchner, da Argentina, marcado para o próximo dia 20, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), é considerado inevitável.
Na próxima quinta-feira, em Buenos Aires, uma delegação brasileira fará a derradeira tentativa de contornar esse cenário, ao reiterar a oferta de alívio financeiro às empresas argentinas com dificuldades de financiar suas exportações para o Brasil e de rolar suas dívidas. Também reforçará a disposição de engrossar as linhas de crédito para projetos produtivos brasileiros no país vizinho.
A essas propostas, apresentadas no último dia 17 de fevereiro, o Brasil vai acrescentar o seu aval a possíveis acordos setoriais - restrições voluntárias às exportações brasileiras, sob a condição da eliminação das medidas protecionistas argentinas. Desta vez, a mensagem de interesse brasileiro na boa convivência com a Argentina virá acompanhada de duas advertências.
A primeira, que o comércio bilateral despencou 46,7% no primeiro bimestre, em relação a igual período de 2008. A segunda advertência é que esse cenário tende a piorar porque a maior parte dos bens importados da Argentina é insumo para a indústria brasileira. O IBGE previu uma retração de 17,2% na produção industrial nacional em 2009.
"O governo argentino parece não ter se dado conta ainda do cenário de crise no Brasil e na própria Argentina", afirmou uma fonte do governo. "É o único país bipolar que eu conheço."
O encontro Lula-Tabaré, ao contrário, tenderá a marcar o início de uma etapa mais cooperativa. O Uruguai espera futuros investimentos brasileiros nos setores de software e de biotecnologia. Em curto prazo, quer construir uma estação de transformação de energia e a linha de transmissão de Candiota (RS) a San Carlos - estruturas que lhe permitirão importar eletricidade do Brasil sem intermediação da Argentina. O Uruguai espera também obter financiamento brasileiro para a construção da hidrovia da Lagoa Mirim.
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