As obras da Usina Hidrelétrica do Baixo Iguaçu (no Oeste do Paraná), que ficaram paralisadas durante um ano e oito meses após a Justiça suspender a licença de instalação, começam a ganhar novo fôlego com um canteiro de obras com mais de 800 empregados.
Devido ao tempo parado, as obras regrediram, principalmente depois que fortes chuvas deixaram equipamentos submersos em junho de 2014. Nessa mesma época, o Consórcio Empreendedor Baixo Iguaçu, formado pela Neonergia e a Copel, foi surpreendido com a liminar que suspendeu a obra.
Agora, após provar que o projeto segue as normas legais, os trabalhos começam a ser acelerados. Nos próximos três meses, a previsão é de contratar aproximadamente mil funcionários e chegar a 1.800, mesmo número de trabalhadores que havia na época em que o empreendimento foi suspenso. “A expectativa é chegar em 2017, no pico da obra, com 3 mil funcionários”, diz Felipe Moreira, diretor-presidente do consórcio.
A maior parte dos trabalhadores mora nas cidades de Capanema e Capitão Leônidas Marques, mas muitos trabalhadores, principalmente aqueles que ocupam cargos mais técnicos, são de diferentes regiões do Brasil. O consórcio construiu um alojamento com capacidade para abrigar 1.500 trabalhadores. No espaço há academia, barbearia, campo de futebol e quartos com circuitos de TV. As obras são de responsabilidade da construtora Odebrecht. O custo total do empreendimento supera R$ 1,6 bilhão.
Geração
Pelo fato de a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) ter reconhecido a fase parada como período excludente de responsabilidade do consórcio, o prazo para entrega da obra, que deveria ser até o final deste ano, foi estendido para 2018. “Todo esse período de paralisação não foi, em momento algum, imputado ao empreendedor, que foi diligente para resolver todos os imbróglios o mais rápido possível”, diz.
Até o final de 2018 a usina deverá estar em funcionamento e gerar 350 megawatts de energia, suficiente para abastecer uma cidade com um milhão de habitantes. “É um empreendimento de grandes números, de bastante relevância para o sistema interligado nacional. Essa energia é injetada no sistema e distribuída para o Brasil inteiro”, diz Moreira.
Oportunidade
Dono de uma pequena chácara perto do empreendimento, Loivo Mieczikovski trabalha como motorista desde o início das obras. É a primeira vez que ele trabalha em uma barragem, mas diz que se encontrou no novo trabalho. “Quem que não vai gostar de passar aqui mais tarde e dizer para o filho que ajudou a construir uma obra dessa?”, diz em tom de questionamento. Mieczikovski afirma que se tiver oportunidade, pretende não só trabalhar na construção, mas continuar depois como funcionário da usina.
415 propriedades serão atingidas pela barragem da usina
Equipes do consórcio estão fazendo um trabalho de campo para visitar proprietários de imóveis rurais que serão atingidos pelo reservatório da usina. São pelo menos 415 famílias. “Somos vizinhos dessas famílias. Só o prazo de concessão – e quem sabe a gente renove isso no futuro – é de 35 anos. A gente quer que esse processo de aquisição das águas reservatórias seja o mais tranquilo possível”, diz Felipe Moreira, diretor-presidente do consórcio.
O levantamento ocorre em duas etapas principais. A primeira com o cadastramento das propriedades e o segundo será um laudo de avaliação de cada imóvel a ser indenizado. Segundo Moreira, a negociação é direta com o proprietário do imóvel, sem necessidade de intermediadores.
Outra negociação é a chamada servidão de passagem de energia elétrica. A linha de transmissão sairá de Capanema até uma subestação em Cascavel e vai atravessar ao menos 150 propriedades rurais. Neste caso, o empreendimento não compra a área por onde a linha passará, apenas paga uma indenização ao proprietário, que continua dono do imóvel.
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