Empresários e consultores do setor sucroalcooleiro do Paraná aprovaram a criação de um estoque regulador de etanol, medida apresentada na segunda-feira e que deve fazer parte do pacote preparado pelo governo federal para evitar que a escassez do combustível eleve a inflação neste ano.
Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, o objetivo é obrigar as distribuidoras a formar estoques equivalentes a um mês de consumo. A infraestrutura de estocagem ficaria nas próprias usinas na prática, as distribuidoras comprariam o etanol dos usineiros e pagariam a eles pela estocagem. Para isso, o governo deve fornecer financiamentos a juros mais baixos por meio dos bancos públicos.
O vice-presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), Alisio Vaz, afirma desconhecer qualquer proposta do governo federal para que as companhias de distribuição façam ou financiem estoques. "Não existe tancagem para isso [um mês], pois não foi assim que o sistema de distribuição foi estruturado", diz.
Menos volatilidade
Segundo o superintendente da Associação de Produtores de Bioenergia do Paraná (Alcopar), José Adriano Dias, a proposta deve diminuir a volatilidade dos preços, que é causada, entre outros fatores, por questões como estiagem e excesso de chuva.
Para o especialista em agronegócios e bionergia Paulo Costa, a criação do estoque regulador é a maneira mais simples e inteligente de garantir um determinado volume do produto para entressafra. "É uma medida que disciplina o distribuidor e que obriga a indústria a segurar um pouco o estoque", diz. Mas ele questiona como será feito esse processo. "O setor ainda é muito pulverizado. Não será simples fazer a fiscalização disso", afirma.
O presidente da Associação Brasileira dos Consumidores de Álcool (Abrálcool), Josias Messias, diz que a criação do estoque é fundamental, mas que a produção terá de crescer. "Se hoje não temos como atender o mercado, como vamos criar estoques?", questiona.