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Bioenergia

Usineiros retomam plano de alcoolduto

Com o poliduto que ligaria o Mato Grosso do Sul a Paranaguá definitivamente eliminado do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), empresários do setor sucroalcooleiro do Noroeste paranaense decidiram tirar da gaveta um antigo projeto: a construção de um alcoolduto que levará a produção local de etanol até o porto de Paranaguá, passando por Araucária. Os primeiros passos para o projeto foram a criação de duas empresas que ficarão responsáveis pela obra e a garantia de investimentos iniciais de R$ 100 milhões.

Esse dinheiro – que equivale a 10% do custo total da obra, estimado em R$ 1 bilhão – sairá do bolso dos próprios usineiros. A intenção é que o duto fique pronto até 2014. "O alcoolduto é um sonho acalentado há vários anos", diz, entusiasmado, o presidente da Associação dos Produtores de Bioenergia do Paraná (Alcopar), Anísio Tormena.

O início dos estudos para a construção do poliduto interestadual foi anunciado com pompa em março de 2008, durante evento que teve a presença do presidente Lula e dos governadores André Puccinelli, de Mato Grosso do Sul, e o paranaense Roberto Requião. Estimativas preliminares apontavam que a obra custaria cerca de R$ 800 milhões. Em janeiro passado, no entanto, a Petrobras informou que a construção do politudo entre Mato Grosso e Paraná era inviável do ponto de vista econômico. "Os estudos indicaram que os volumes a serem produzidos na área de influência do citado alcoolduto não justificariam economicamente o investimento requerido", afirmou a estatal. No projeto previsto no PAC, o duto também transportaria gás natural e teria um traçado bem maior do que planejado agora pelos usineiros do Noroeste.

"A ideia [do poliduto] nunca saiu muito da teoria. Os engenheiros da Petrobras chegaram a conversar com a gente, mas o negócio não andou muito. Acho que essa não era umas das prioridades do governo, por isso deve ter sido descartada", diz Tormena, acrescentando que a crise enfrentada pelo setor sucroalcooleiro em 2009 também pode ter pesado para a decisão governamental de abandonar o projeto. Embora a nova iniciativa do alcoolduto seja do setor privado, Tormena avisa que a contrapartida pública será indispensável. "Agora vamos reivindicar ao governo a desapropriação de áreas. Também há a questão de ordem ambiental na faixa por onde correrá o traçado."

Segundo a Alcopar, obra terá início nos próximos meses, assim que as licenças ambientais forem liberadas. A Companhia Paranaense de Energia (Copel) e sua subsidiária Compagas são antigas interessadas na construção de um duto de etanol que corte o Paraná, mas não participaram oficialmente desta última rodada de negociações. A primeira quer incluir uma rede de fibra ótica junto ao canal, e a segunda tem interesse no escoamento de gás em direção ao interior.

A Copel informa que não descarta a participação no projeto, mas que ainda depende da finalização de estudos técnicos em andamento. Depois disso é que as possibilidades de negócios e parcerias serão levantadas. Uma das hipóteses é de que o alcoolduto aproveite as faixas das linhas de transmissão, o que evitaria o gasto com novas desapropriações de terra.

Exportações

Na safra 2009/10, encerrada em março, as 30 usinas paranaenses produziram 1,9 bilhão de litros de álcool, pouco abaixo dos 2 bilhões da safra anterior. Terceiro maior produtor nacional, atrás de São Paulo e Minas Gerais, o Paraná responde por 13% das exportações brasileiras do produto, que no ano passado somaram 3,3 bilhões de litros. "Temos que ousar se quisermos permanecer com nossa vocação nesse setor. Com o alcoolduto, vamos apostar mais na exportação, sem abandonarmos o mercado interno, que nos deu condição de chegar aonde chegamos", diz o presidente da Alcopar. Na safra passada, o porto de Paranaguá embarcou 442,3 milhões de litros, só perdendo para Santos, com 2,2 bilhões. A previsão para a safra atual é que o Paraná produza acima de 2 bilhões de litros e amplie as exportações para cerca de 500 milhões de litros.

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