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Utilidade pública na internet exige boa dose de persistência

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Viagens, hotéis, passagens, remédios, bares, restaurantes que oferecem serviço delivery, vestidos de noiva, lista telefônica ou consultórios médicos. Se você procura uma empresa ou serviço e faz isso por meio de buscadores na internet, com certeza já acessou um site de utilidade pública que agrega informações e, de forma gratuita, oferece aos internautas formas de contato, opiniões e dados sobre o objeto procurado.

"Estar disponível e ser relevante em meio às informações da web é uma das grandes tarefas dos empreendedores", co­­menta Ronaldo Bitencourt, analista de mídia da MidiaWeb, agência curitibana especializada em marketing na internet. Por isso, alguns investidores apostaram em oferecer esse conteúdo pela internet. Mas o insight não gera renda imediatamente: alguns sites de utilidade pública já estão no ar há mais de dez anos e ainda não são lucrativos.

É o caso do ReclameAqui, um "mural de recados" sobre serviços de empresas que está on-line desde 2000 e recebe, em média, 6 milhões de visitantes por mês. "A ideia começou quando o criador do site, Maurício Vargas, teve problemas com uma companhia aérea e recebeu um atendimento ruim", conta Edu Neves, diretor-executivo do site. Vargas, que já trabalhava na área, montou o sistema porque percebeu que as empresas tinham ferramentas para avaliar o consumidor antes de fechar negócios, como os sistemas de proteção ao crédito, mas que os consumidores não tinham acesso a informações sobre a credibilidade das empresas. "O projeto foi crescendo, mas, até agora, foram anos de investimento. O ReclameAqui tem receita, mas não é lucrativo", afirma Neves.

De acordo com o diretor-executivo, todos os anos de investimento foram feitos como aposta no futuro. "Aos poucos, fomos construindo vários negócios em volta do conceito do site, que podem gerar faturamento", indica. Entre os serviços oferecidos, Neves cita palestras, consultoria e treinamento para empresas que querem entender os clientes e descobrir como lidar com eles.

O site ConsultaRemédio, que também está na rede desde 2000 e tem média de 8 milhões de visitas mensais, passa por situação semelhante. O criador do endereço, Valdir Groto – que também é dono de uma transportadora –, conta que usa parte da renda de sua empresa mais sólida para manter funcionários e o sistema do site atualizado. "Por enquanto, é só investimento. Mas, como prestamos um serviço que tem credibilidade, acreditamos que empresas do ramo farmacêutico e o governo podem vir a se interessar por espaços de publicidade do endereço", diz. A ideia do ConsultaRemédio também surgiu por meio de uma situação pessoal. Em 2000, quando foi liberada a comercialização dos medicamentos genéricos, Groto percebeu que médicos e pacientes não conheciam as opções de remédios mais baratos.

Sites que oferecem informações sobre empresas e serviços podem dar visibilidade aos negócios. No entanto, Biten­court avalia que é essencial que os administradores fiquem de olho naquilo que é publicado na rede sobre a empresa e mantenham os dados constantemente atualizados. "Hoje, mais que nunca, é importante ter presença forte na rede e atentar para os dados vinculados às empresas", argumenta. Se alguém procura um telefone de uma empresa e o número não existe mais ou já mudou, não se estabelece laço de lealdade com o cliente, avalia.

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