O limite imposto pelo governo da Grécia ao saque em caixas eletrônicos não atinge os turistas estrangeiros, mas eles terão que se resignar com longas filas e a possibilidade de deparar com máquinas já vazias. Por isso, especialistas e mesmo os governos de países como Reino Unido e Austrália recomendam aos visitantes levar euros em espécie para cobrir os gastos correntes. Cartões de crédito e débito, porém, seguem sendo aceitos no país, segundo agentes de turismo locais.
O governo da Grécia anunciou no fim de semana que os bancos no país permanecerão fechados até 6 de julho, dia seguinte ao referendo popular sobre a proposta de € 15,5 bilhões em resgate oferecido pelos credores. Também foi imposto um limite de saque nos caixas eletrônicos de € 60 por dia. Mas isso só vale para os correntistas gregos — o governo tenta preservar os turistas, que contribuem com parte importante da economia do país.
Segundo Zaneta Laini, proprietária da operadora de turismo grega Travel Zone, o primeiro dia de feriado bancário não provocou muitos problemas aos turistas. Mas ela admite que as filas dos caixas eletrônicos estão enormes, sempre com pelo menos 20 pessoas esperando. Segundo ela, os lojistas estão aceitando cartão de crédito e débito, embora afirme que uma minoria tenha deixado de oferecer essa opção na tentativa de forçar os clientes a comprar com dinheiro em espécie.
“Isso pode acontecer em alguns lugares, mas são uma minoria de empresários idiotas que não entenderam a situação. Não é a regra. Eu mesma coloquei gasolina com cartão de crédito hoje”, contou Zaneta, pelo telefone, de Palaio Faliro, localidade próxima a Atenas. “A vida está normal, como na semana passada. Só que a população está tirando dinheiro para se sentir mais segura.”
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Leia a matéria completaComo a maioria dos turistas já chega à Grécia com hotel, transporte (aéreo e marítimo) e excursões pagos, a dificuldade para sacar não representou hoje um grande problema, afirmou Themistoklis Hahavias, guia turístico que atua há 23 anos em Atenas. Um dos poucos profissionais da capital capaz de falar português fluente, ele esteve nesta segunda-feira com um grupo de 30 brasileiros.
“Eles não transpareciam muita preocupação. A maioria só vai precisar gastar dinheiro para comer ou comprar souvenires, e para isso os cartões estão funcionando. O maior problema que pode haver é encontrar um caixa eletrônico sem dinheiro quando for sacar. Isso, de fato, pode acontecer”, afirmou Hahavias, de 47 anos.
Mas alguns governos estrangeiros estão preocupados com a situação dos seus turistas na Grécia. A Austrália emitiu alerta recomendando que os visitantes levem “mais de um meio de pagamento (dinheiro, cartões de crédito e de débito) e dinheiro em espécie para cobrir emergências.”
O alerta também observa que os postos de gasolina podem não aceitar cartões. O alerta do Reino Unido também aconselhou os turistas a levar euros suficientes para toda a estadia e acrescentou que, por causa disso, deve-se “tomar precauções apropriadas contra roubo.”
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No Brasil, o Itamaraty ainda não emitiu novos alertas sobre as limitações ao acesso bancário na Grécia. O único alerta em vigor referente ao país cita a possibilidade de manifestações com “a presença de grupos radicais em alguns desses episódios” que “pode levar a situações de insegurança.”
“Eu recomendaria levar euro em espécie, junto com o cartão. Além de o dinheiro em papel não pagar imposto como acontece com os cartões, isso evitará dor de cabeça caso haja algum problema com os bancos”, aconselhou Leonel Rossi Junior, vice-presidente de Relações Internacionais da Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav). “O turista só deve tomar os cuidados de segurança que tomaria em qualquer cidade europeia, como Londres ou Paris.”
Ele também recomendou a quem ainda for adquirir pacotes de viagem para a Grécia que sempre opte por opções que prevejam a possibilidade de cancelamento. Isso para se precaver de alguma piora eventual na situação do país.
Rita Marcondes, dona da Férias na Grécia Turismo — agência brasileira especializada em pacotes personalizados para o destino heleno — também recomenda levar a maior parte do dinheiro em espécie. Mas ela lembra que, se a hospedagem e o transporte já estiverem pagos, é baixo o custo dos passeios nas cidades preferidas dos brasileiros (Atenas e as ilhas Santorini e Mykonos).
Segundo a consultora, que morou na Grécia por sete anos, o passaporte para conhecer a Acrópole ateniense custa € 12 e dá direito a três dias de visitas, incluindo outros quatro sítios arqueológicos na região. O Museu Arqueológico Nacional custa € 6. Já o preço médio de uma refeição completa para casal fica entre € 35 e € 40.
“Mas há opções bem econômicas, como o churrasco grego, que é bem diferente do que temos aqui, é saudável e custa entre € 2 e € 3.”
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