Londres - O novo Windows está prestes a quebrar a casca. Na semana passada, a Microsoft lançou a versão RC (Release Candidate, que, no jargão da informática, identifica uma cópia de testes que já teria condições de ganhar o mercado), que está disponível para quem quiser experimentar. Embora a companhia não tenha anunciado a data de lançamento, na Inglaterra a Acer já avisou que pretende pôr à venda máquinas com o Windows 7 em 23 de outubro.
Os early adopters, que primeiro instalaram o programa, têm impressões positivas em relação ao Windows 7. "Bem melhor do que o Vista e tão estável quanto o XP", escreve um usuário nos fóruns não oficiais do site sevenforums.com. Um ponto de vista que parece típico: o senso comum é de que a Microsoft obteve com o novo Windows um resultado melhor do que no Vista, em parte porque o coração do sistema operacional não mudou muito, o que liberou recursos para aperfeiçoar a performance e a usabilidade. "Com o Vista eles estavam tentando várias mudanças estruturais, mas criaram vários problemas", explica Annete Jump, diretora de pesquisa da consultoria Gartner Group. "Com o 7, a ideia é melhorar a experiência do usuário", opina.
Embora o Windows 7 tenha muito em comum com o Vista, há uma longa lista de novas funcionalidades. A mais óbvia é a barra de tarefas. No Vista (como em versões anteriores), ela mostra ícones para os programas que estão rodando, mas no 7 o usuário pode também lançar aplicações, fazendo da barra um ponto de partida para iniciar aplicativos e para navegar entre eles. Ao passar o mouse sobre os ícones é possível ver miniaturas e previews em tela inteira do programa, o que torna a mudança entre uma aplicação e outra mais fácil. Na versão RC isso funciona também a partir do teclado, pelo comando Alt+Tab.
Outra área importante para o programa é o de redes domésticas. A função HomeGroup, que funciona apenas entre máquinas rodando Windows 7, permite compartilhar documentos, impressoras, música e vídeos. A edição RC inclui a possibilidade de streaming remoto, em que os membros do HomeGroup podem acessar vídeos e música via internet, embora isso dependa de configurações do firewall e de uma conta no Windows Live.
"A minha novidade favorita do 7 são as bibliotecas (Libraries)", diz Peter Dzomlija, usuário dos fóruns Windows 7. "Agora eu não preciso mais administrar quatro pastas diferentes com vídeos." A função permite criar uma visualização virtual de várias pastas reais, de forma que elas aparecem na tela como se fossem uma. A encrenca é que os usuários podem ter problemas para distinguir os atalhos dos arquivos de verdade a própria Microsoft está preocupada com isso. Na versão RC, a empresa eliminou a possibilidade de arrastar ícones das bibliotecas, para evitar que o usuário copie por engano links para um pen drive, por exemplo descobrindo mais tarde que não tem o arquivo justo quando precisava dele.
O Windows 7 ainda tem muitos obstáculos pela frente para persuadir os usuários ao upgrade. De acordo com a consultoria Net Applications, cerca de 70% dos usuários do sistema operacional da Microsoft rodam ainda o XP, enquanto que apenas 27,5% têm o Vista no Brasil, onde os micros baratos vendidos nos últimos anos vêm com XP, esses números devem ser ainda maiores. A crescente popularidade dos netbooks, que também rodam XP, contribui para isso.
Mais: grandes empresas raramente apressam-se em adotar versões atualizadas. "As empresas normalmente demoram 12 a 18 meses entre o lançamento de um sistema operacional e o momento em que elas estão prontas para adotá-lo", diz Annete Jump, da Gartner. A cautela não é a única razão: elas também dão tempo aos desenvolvedores de aplicativos para que atualizem seus programas.
Finalmente, os primeiros usuários do Vista decepcionaram-se muito com os resultados. Mas uma função-chave do novo Windows 7 talvez ajude: o Modo X. Ele permite que o programa rode o XP em uma máquina virtual, para uma compatibilidade quase perfeita.
Tradução: Franco Iacomini