A gigante brasileira Vale anunciou nesta quinta-feira perdas líquidas no valor de US$ 12,129 bilhões (R$ 44,213 bilhões) em 2015, em meio a um panorama sombrio que conjuga a queda dos preços do minério de ferro, a forte depreciação do real e o rompimento de uma barragem em Minas Gerais que vitimou 19 pessoas.
As perdas de 2015 - contra um lucro de US$ 657 milhões em 2014 - se devem principalmente à queda de 47% do real frente ao dólar, que impacta sua dívida, e a ajustes pelo retrocesso de 43% do preço do minério de ferro, seu principal produto de exportação, explicou Luciano Siani, diretor de Finanças e Relações com Investidores da Vale, em um vídeo a investidores.
“Houve um ajuste muito forte na indústria da mineração pela queda dos preços, o que obrigou a Vale a reduzir o resultado em R$ 36 bilhões”, e a depreciação de 47% da moeda brasileira frente ao dólar “impactou o valor da dívida em dólares da Vale em outros R$ 36 bilhões que também foram levados ao resultado”, disse Siani.
O preço internacional da tonelada de minério de ferro passou de US$ 96,7 em 2014 a US$ 55,5 em 2015 (-43%), e o preço de outros minerais exportados pela Vale também caiu: o níquel retrocedeu 30%, o cobre 20%, o carvão metalúrgico 18%.
O forte corte de gastos e o aumento da competitividade que a Vale realiza para enfrentar a queda de preços - que totalizou 5 bilhões de dólares em 2015 - e seus recordes de produção não fizeram com que a empresa apresentasse aos seus investidores um balanço positivo, mas lhe permitiu investir neste ano US$ 8,4 bilhões.
No quarto trimestre de 2015 a Vale registrou perdas de US$ 8,569 bilhões, contra um prejuízo de US$ 2,117 bilhões no terceiro trimestre do ano passado.
Foi justamente neste período, em 5 de novembro passado, que uma barragem da mineradora brasileira Samarco - que pertence em partes iguais à Vale e à anglo-australiana BHP Billiton - que continha toneladas de dejetos mineradores e lama se rompeu, provocando uma enxurrada que soterrou uma cidade inteira de Minas Gerais e matando 19 pessoas.
A tragédia é considerada a pior catástrofe ambiental da história do Brasil pelo governo, que negocia com a Samarco e seus donos uma indenização milionária. A polícia pediu nesta semana a prisão de seis executivos da Samarco - incluindo seu presidente no momento da catástrofe - pelo homicídio de 19 pessoas.
“Trabalhamos com a Samarco desde o início e continuaremos totalmente comprometidos com o apoio às regiões e comunidades afetadas, assim como sua recuperação sócio-ambiental”, disse a Vale em seu comunicado.