Guiada por Vale, Petrobras e siderúrgicas, a Bovespa teve um pregão de recuperação, que, entretanto, nem de longe apagou as perdas da véspera, quiçá de setembro. Mas a alta foi firme e chegou a 2,47%, a maior desde os 3,24% do dia 20 de agosto e a segunda registrada no mês (o Ibovespa havia subido apenas no dia 5).
A sessão, entretanto, foi muito volátil e o índice oscilou mais de 2,3 mil pontos entre a máxima e a mínima pontuações. Ficou em 47.606 pontos (-1,71%) no piso e em 49.957 pontos (+3,14%) no teto, para fechar em 49.633,2 pontos. Em setembro, as perdas diminuíram a 10,86% e, no ano, a 22,31%. O dólar pronto no balcão registrou alta de 0,73%, a R$ 1,7850 - maior preço desde 25 de janeiro deste ano, quando fechou a R$ 1,7870.
A trégua das commodities, a recuperação de Wall Street e, principalmente, os preços baratos dos papéis domésticos trouxeram muitos investidores de volta às compras. Houve inclusive registro de estrangeiros, os mesmos que vêm empurrando o principal índice à vista para níveis vistos há um ano.
As compras aconteceram principalmente nas castigadas blue chips Vale e Petrobras e o setor siderúrgico. Petrobras PN teve giro de mais de R$ 1,5 bilhão, e alta nada desprezível, de 2,30%. Mas foi mesmo Vale PNA que brilhou, ao subir 5,86%, com o segundo maior volume, de R$ 813 milhões. Vale ON também disparou, 5,73%, e Petrobras ON avançou 1,16%. Gerdau PN subiu 4,93%, Metalúrgica Gerdau PN, 4,06%, CSN ON, 4,22%, Usiminas PNA, 2,08%.
Além da procura pelas bagatelas, a Vale foi favorecida pela recuperação dos preços do cobre e a confirmação de que está mesmo negociando um reajuste adicional para o minério de ferro vendido na Ásia. A notícia não é de hoje, mas não teve espaço para repercutir no mau humor do pregão de ontem.
Já o petróleo deixou de lado o corte na produção anunciada pela Opep para reagir aos dados de estoques divulgados pelo Departamento de Energia norte-americano. O órgão sinalizou enfraquecimento da demanda nos Estados Unidos. Na Nymex, o contrato para outubro recuou 0,66%, para US$ 102,58.
Em Wall Street, depois de muita volatilidade os índices também sustentaram-se em terreno positivo, ajudados pelo plano do Lehman Brothers para reforçar suas finanças. Os setores de energia e industrial foram os destaques da sessão, ajudando o Dow Jones a fechar em alta de 0,34%, aos 11.268,9 pontos, o S&P em 0,61%, aos 1.232,04 pontos, e o Nasdaq em 0,85%, aos 2.228,70 pontos. "Estamos vendo uma recuperação nas companhias de energia porque elas estava excessivamente vendidas e estamos vendo uma recuperação no mercado mais amplo, porque também estava excessivamente vendido", disse Art Hogan, estrategista-chefe de mercado da Jefferies & Co, à Dow Jones.
Apesar da trégua de hoje, a volatilidade ainda é moeda corrente no mercado e não se ouve dos analistas a afirmação de que a queda se esgotou. Para o sócio-diretor da corretora Ágora, Álvaro Bandeira, a Bovespa pode cair para um piso de 45 mil pontos, mas ele ressalvou que a tendência é de melhora até o final do ano. Em entrevista ao AE Broadcast ao Vivo ele considerou que a Bolsa doméstica pode subir a 70 mil pontos ainda em 2008. "Mas é preciso que o mercado internacional corresponda e que haja consenso de que o pior já passou."
Para isso, no entanto, as commodities devem ajudar. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse hoje, entretanto, que a tendência para os preços desses produtos é de baixa. E isso ajuda o Brasil, segundo ele, ao tirar a pressão sobre a inflação doméstica. À Bovespa, no entanto, o melhor é preços em elevação.
Para esta quinta-feira, quando a agenda está exclusivamente voltada ao mercado norte-americano, com a divulgação de dados como balança comercial e pedido de seguro-desemprego, a trégua e hoje pode novamente sumir.
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