O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (27) que a mineradora Vale "não é dona do Brasil" e que, assim como todas as empresas brasileiras, deve estar alinhada com o pensamento de desenvolvimento do governo.
A declaração foi dada em entrevista para o programa "É Notícia", da RedeTV. Lula criticou a empresa pelo suposto abandono de projetos estratégicos, por danos ambientais e pelo que ele chamou de monopólio da mineração.
"A Vale não pode pensar que ela é dona do Brasil, não pode pensar que ela pode mais do que o Brasil. Então o que nós queremos é o seguinte: empresas brasileiras precisam estar de acordo com aquilo que é o pensamento de desenvolvimento do governo brasileiro. É isso que nós queremos", afirmou.
Questionado sobre a sucessão da Vale e sua interferência para a indicação do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega para o comando da companhia, o presidente afirmou que não responderia sobre a escolha a ser feita pelo conselho de administração da empresa.
O nome de Mantega teve repercussão negativa no mercado por não atender aos critérios de governança da empresa. Privatizada há quase três décadas, a Vale é uma empresa de capital aberto na B3, a bolsa de valores brasileiras.
O governo tem participação indireta, por meio da Previ, que é o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil. Lula recuou, mas segundo apurações da imprensa, estaria trabalhando para emplacar como segunda alternativa o nome de Paulo Cafarelli, ex-presidente da Cielo – empresa que tem como sócios BB e Bradesco, também acionista da Vale.
Críticas a danos ambientais e nova política mineral
Lula fez uma série de críticas à mineradora. "A Vale está tendo um problema no estado do Pará, está tendo um problema no estado de Minas Gerais. A Vale não pagou as desgraças que eles causaram em Brumadinho, não construiu as casas que prometeram. Criaram uma fundação para cuidar e agora a Vale agora fica fazendo a propaganda como se fosse a empresa que mais cuida desse país", afirmou o presidente.
O mandatário criticou o que chamou de monopólio da empresa e defendeu uma nova política mineral. "O dado concreto é que o potencial do Brasil tem que ser explorado e a Vale não pode ter o monopólio. A Vale tem que ser mais uma empresa. Ela é a maior e que trabalhe mais", afirmou.
"O que nós queremos é mais responsabilidade. Inclusive, a quantidade de minas que está nas mãos da Vale que elas não exploram em mais de 30 anos e fica funcionando como se fosse dona [do Brasil], vendendo [ativos]. A Vale está ultimamente vendendo mais ativo do que produzindo minérios de ferro. E está perdendo o jogo para muitas empresas australianas. O que nós queremos é ter uma nova política mineral", completou.
Também criticou a empresa pelo suposto abandono de projetos estratégicos, como de sua atuação em Moçambique, de interesse do governo, que teria empenhando esforços para abrir portas no país.
Lula destaca crescimento da economia e anuncia consignado para trabalhadores
O presidente destacou a estimativa – já divulgada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad – de crescimento em torno de 3% da economia no ano passado. O Produto Interno Bruto (PIB) vai ser divulgado na próxima sexta-feira (1.º).
"Nós vamos crescer mais do que qualquer previsão. Vamos chegar a 3% ou um pouco mais de crescimento esse ano. E por que nós vamos crescer? Porque as coisas estão acontecendo. Você pode pegar qualquer área do governo, qualquer área, escolha uma área. Em todas as áreas, a gente está investindo o dobro do que foi investido no governo do outro cidadão. O dobro", afirmou o presidente.
Anunciou ainda, para os próximos dias, segundo Lula, um programa de crédito consignado para o conjunto de trabalhadores. Atualmente, a modalidade e empréstimo só é concedida a pensionistas e servidores públicos. A fala do presidente é referência ao consignado do FGTS, anunciado na terça-feira (27) pelo ministro do Trabalho, Luís Marinho.
"Nós vamos anunciar mais coisas importantes ainda, está tudo pronto. Nós vamos anunciar crédito consignado para o conjunto da classe trabalhadora brasileira, porque, hoje, o crédito consignado é só para aposentados e funcionários públicos. E são mais de 40 milhões de pessoas que vão ter acesso consignado", completou.
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