Para alguns turistas, voar é motivo de pânico e apreensão em qualquer viagem. Quando um grande acidente de avião acontece, então, mesmo pessoas que embarcam tranquilas podem ficar preocupadas e fazer o que todo paranoico faz: recorrer ao Google para tentar acalmar os nervos.
Na semana em que um Boeing 737 Max 8 caiu na Etiópia, em 10 de março, deixando 157 mortos, a procura pelo termo “Boeing” cresceu exponencialmente no buscador. Na onda desse interesse repentino por modelos de avião, o localizador de passagens aéreas Kayak implementou em seu site neste mês um filtro de pesquisa por aeronaves.
Assim, é possível visualizar, por exemplo, apenas bilhetes para viagens usando aviões da Airbus, principal concorrente da Boeing. Segundo a Kayak, o recurso foi criado para atender a demanda de usuários por um serviço cada vez mais customizado e também para responder à queda recente do avião na África.
Outros buscadores de passagens - tanto os que agregam opções de várias companhias, como Skyscanner e Decolar, quanto os de empresas aéreas - costumam mostrar, no resultado da pesquisa, qual aeronave fará a viagem. Com essa informação em mãos pode-se investigar se outras unidades do mesmo modelo já se envolveram em algum acidente.
Busca por informações
O portal Sipaer, mantido pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, da Força Aérea Brasileira, reúne ocorrências no Brasil nos últimos dez anos. Lá se vê que neste ano houve um acidente com fatalidade no país, envolvendo um monomotor de operação agrícola e que, desde 2009, não houve registros de problemas com Boeings.
Sites atualizados por fãs de aviação, como o Aviation Safety Network, dão um panorama mais amplo, compilando incidentes do mundo inteiro.
Dono da página Bureau of Aircraft Accidents Archives, Ronan Hubert começou a juntar informações de desastres aéreos em 1983, quando tinha 12 anos. O objetivo na época, diz, era tentar entender por que aviões caíam.
Hoje, conta com uma rede de colaboradores e contatos em órgãos que investigam acidentes pelo mundo para manter sua base atualizada. Entram em sua lista apenas casos em que haja queda de uma aeronave com capacidade para ao menos seis passageiros.
Sua base de dados permite pesquisas por região, país, companhia aérea, causa e modelo da aeronave. Um parágrafo resume o acidente, mostrando as hipóteses de causas e número de sobreviventes. Quando há grandes ocorrências, diz, a audiência do site cresce bastante. Ele mesmo tem como hábito pesquisar sobre a aeronave antes de embarcar.
Histórico não conta muito
No entanto, embora saber que seu modelo de avião nunca teve problemas possa dar uma sensação de tranquilidade, especialistas afirmam que esse histórico não significa muito.
“É quase impossível para um indivíduo pesquisar o nível de segurança de um avião ou de uma companhia”, diz Michael Barr, especialista em aviação da Universidade do Sul da Califórnia. “A maioria dos acidentes tem causas diferentes. Uma vez que [o defeito] é consertado, não deve acontecer de novo.”
“Um acidente de avião é uma ocorrência muito complexa, em mais de 90% dos acidentes o fator causador não é mecânico, e sim erro humano”, afirma o especialista em aviação Lito Sousa.
“Não há um valor agregado em se pesquisar sobre um modelo de avião específico. Vou dar o exemplo do Fokker 100 da TAM. A pesquisa, se feita no Brasil, renderia diversos resultados de acidente. No entanto a American Airlines operou uma frota de Fokker 100 três vezes maior que a da TAM sem nunca sofrer um acidente sequer.”
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