As diárias de hotéis em Curitiba, que tiveram reajustes significativos nos últimos anos, devem continuar subindo acima da inflação nos próximos anos, podendo alcançar um aumento real de pelo menos 77% até 2016.
O movimento é resultado de fatores como a limitação da oferta de quartos em segmentos econômicos e também da falta de expectativas em torno de novos empreendimentos pelos próximos anos. Além disso, momentos que concentram a vinda de muitos visitantes à cidade caso da Conferência Nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que ocorre nesta semana e ajudou a lotar os hotéis da cidade também influenciam.
Enquanto em um primeiro momento o cenário se mostra positivo para a indústria hoteleira, a alta das tarifas pode ter desdobramentos como a diminuição no volume de eventos realizados na cidade, que vinha sendo cercado de boas expectativas pelo setor.
Na comparação entre 2009 e 2010, as diárias tiveram um aumento real de 5,3%, já descontada a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA. Para os próximos períodos, os reajustes acima da inflação podem ser ainda maiores, variando entre 10% e 20% por ano, segundo estimativas da HotelInvest, consultoria especializada no setor.
"O movimento comum é de, nos primeiros dois anos da proximidade da saturação, os preços subirem em torno de 5% além da inflação. Nos períodos seguintes, isso já ultrapassaria os 10% ao ano. O teto vai depender, entre outros fatores, do crescimento econômico do país, podendo alcançar a margem de 20% anuais", afirma Diogo Canteras, presidente da HotelInvest.
Segundo ele, o crescimento de preços deve durar até seis anos, quando a alta capitalização dos hotéis levaria à possibilidade de novos empreendimentos na cidade, aumentando a oferta de vagas e, consequentemente, relaxando o valor cobrado pelas diárias.
Canteras vê o movimento com bons olhos, "para um setor que sofreu tanto nos últimos anos, como em Curitiba", fazendo referência ao fim da década de 1990, quando o lançamento de novos hotéis fez com que a oferta de quartos da cidade quase dobrasse, ficando muito acima da demanda e resultando em altos índices de ociosidade.
No entanto, a alta de preços também traz riscos para o setor. Um deles seria uma menor atratividade de eventos. "Com certeza isso vai acabar pesando, mas pode não representar um prejuízo, visto que teria chances de resultar na vinda de eventos com investimentos maiores e voltados a um público que vai gastar mais na cidade", diz o presidente da HotelInvest.
Pontos de vista
Para o presidente da regional paranaense da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-PR), Henrique Lenz César Filho, as altas de preços não devem ser tão significativas. De qualquer forma, ele acredita que Curitiba ainda tem preços "muito em conta", o que daria certa margem para aumentos nos próximos anos. "[A tarifa] deve subir, mas algo em torno de 3% a 4% acima da inflação por ano. E isso é pouco motivado pela demanda, seria mais pelo aumento dos custos", diz.
A presidente do Instituto Municipal de Turismo de Curitiba, Juliana Vosnika, não descarta um aumento nos níveis esperados pelo presidente da HotelInvest, mas não vê o movimento como sendo negativo. Para ela, pode até resultar em um turismo mais "sustentado", com menor variação sazonal, visitantes dispostos a permanecer mais tempo na cidade e com gastos mais elevados.
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"O movimento comum é de, nos primeiros dois anos da proximidade da saturação, os preços subirem em torno de 5% além da inflação. Nos períodos seguintes, isso já ultrapassaria os 10% ao ano. O teto vai depender, entre outros fatores, do crescimento econômico do país, podendo alcançar a margem de 20% anuais."
Diogo Canteras, presidente da consultoria HotelInvest.