Especialista no setor aéreo – é engenheiro aeronáutico, ex-piloto e ex-presidente da Embraer e da Varig –, Ozires Silva teve de esperar duas horas pelo embarque em São Paulo para Curitiba. Em entrevista à Gazeta do Povo, ele falou sobre os problemas do setor e também sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que tem foco em outro assunto que ele entende bem: infra-estrutura, área da qual foi ministro, durante o governo Collor.

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Gazeta do Povo - O que o sr. achou do PAC?Ozires Silva - É muito pequeno para um país do tamanho do Brasil. Os valores apresentados pelo governo são ridículos. O que pode acontecer é que, em um país com uma cultura de obediência ao governo, o fato de o governo falar em desenvolvimento encha a cabeça das pessoas e elas comecem a empreender. E daí viria o grande PAC. Mas para isso é necessário mudar as regras existentes, que limitam as ações dos empreendedores. Hoje não se faz qualquer empreendimento no país sem autorização governamental, sem "carimbo".

Culpa-se a falta de infra-estrutura pelo caos do setor aéreo. Como solucionar o problema?O governo monopolizou toda a infra-estrutura do setor – e também o número de empresas, os aeroportos, a proteção ao vôo, as licenças, as companhias de treinamento – e não investiu o suficiente. É preciso descentralizar o tráfego, apostando em aeroportos secundários e aviões menores, porque o sistema é centralizado demais. No Brasil há 5,5 mil municípios, e o transporte aéreo atende a 125. Com isso, qualquer problema em cidades de tráfego considerável, como São Paulo, provoca atraso em quase todos os vôos. (FJ)

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