A Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca (Abam), que reúne as indústrias, fez um forte lobby pela aprovação do projeto de lei, que abre mercado para o principal produto desse segmento. Uma comitiva da entidade, sediada em Paranavaí (Noroeste do Paraná), está em Brasília desde o início da semana, para acompanhar a tramitação da proposta na Câmara dos Deputados. Por telefone, o presidente da Abam, que integra a comitiva, concedeu a entrevista a seguir.

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Gazeta do Povo – Que benefícios a aprovação do projeto trará ao país?Hermes Campos Teixeira – Vamos reduzir a importação de trigo, beneficiando os produtores brasileiros de trigo e de mandioca. Serão gerados 100 mil empregos em toda a cadeia produtiva, desde a lavoura até a indústria. O Brasil tem 1,8 milhão de produtores de mandioca, concentrados principalmente no Nordeste, com área média pouco maior que 1 hectare.

O setor terá capacidade para suportar a nova demanda?Nossa capacidade instalada é para 1,3 milhão de toneladas anuais de amido. A adição do amido na farinha de trigo destinada ao pão francês provocará um incremento de 500 mil toneladas anuais, volume igual ao que produziremos este ano, para atender aos mercados que já existem (indústrias alimentícia, farmacêutica, etc). Além disso, há várias indústrias se instalando, no Paraná e em outros estados.

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O setor de trigo alega que o projeto é inconstitucional.No passado, também consideraram o Proálcool inconstitucional, e hoje se mistura 25% de álcool na gasolina. Se não for compulsório, nada acontece neste país. A cadeia do trigo defende empregos no estrangeiro. Eles defendem os grandes importadores de trigo. Nós, os pequenos agricultores. A alegação de que o amido de mandioca prejudicaria a qualidade do pão procede? Temos estudos e depoimentos de indústrias comprovando que, pelo contrário, o amido melhora a qualidade. A farinha para o pão francês pode receber até 20% de amido. Aqui no Paraná, a Agrícola Horizonte, de Marechal Cândido Rondon (Oeste) já produz essa mistura há seis anos (VD)