As redes de varejo paranaenses estão tirando do papel seus projetos de expansão e acelerando a busca de mercados em outros estados, especialmente São Paulo e Santa Catarina. Em um momento em que a economia começa a dar os primeiros sinais de recuperação, as empresas apostam na abertura de novas lojas para driblar o desempenho mais fraco neste ano e impulsionar um crescimento mais forte em 2013.
Maior rede de eletroeletrônicos e móveis do estado, a MM Mercadomóveis já possui 32 lojas em Santa Catarina, onde programa abrir mais uma esse mês no município de Guaramirim e mais oito em 2013. Ao todo, juntamente com as 12 que serão abertas no Paraná no próximo ano, o investimento deve somar R$ 6 milhões. "O mercado de Santa Catarina vem se desenvolvendo muito rapidamente, com ticket médio até 20% superior ao do Paraná", diz Emílio Glinski, diretor-geral da empresa. Para atender a expansão para o mercado vizinho, a MM está construindo, com investimento de R$ 20 milhões, um centro de distribuição em Piçarras que vai substituir o atual, alugado, em Joinville.
Segundo Glinski, graças à expansão do número de lojas hoje são 165 no Paraná, Santa Catarina e São Paulo a MM vai conseguir crescer 22% em 2012, quando deve alcançar um faturamento de R$ 600 milhões. "Se considerarmos apenas as vendas nas lojas já existentes, o nosso crescimento é de 3%", afirma.
A meta é chegar a 200 lojas no Paraná e Santa Catarina e partir de 2014 rumar para outros estados. "Vamos definir se apostamos no interior de São Paulo onde a empresa já possui uma unidade em Itararé ou no Mato Grosso do Sul", afirma.
A rede de farmácias Nissei fez sua estreia no mercado de São Paulo em julho deste ano, com a abertura de sete lojas (três em Marília, três em Bauru e uma em Lins). Outras 13 devem ser abertas até o fim do ano, segundo Patricia Maeoka, diretora da empresa.
A Nissei inaugurou ainda outras quatro lojas neste ano em Santa Catarina, onde a rede de farmácias está presente desde o fim de 2010. "Em dois anos abrimos 20 lojas no estado vizinho", diz. A expansão para fora do Paraná é considerada estratégica para a empresa cumprir a meta de dobrar o faturamento até 2015. Em 2012, a empresa deve registrar um faturamento de R$ 1 bilhão, 19% mais que no ano passado.
A proximidade fez com que a rede de materiais de construção Balaroti optasse por expandir para Santa Catarina. "O custo de distribuição pesa nesse setor. E comparativamente é muito mais fácil levar material de construção de Curitiba para cidades como Joinville e Balneário Camboriú do que Londrina por exemplo", diz Eduardo Balarotti, diretor comercial e de vendas. A empresa tem três lojas no estado vizinho. A terceira foi inaugurada este ano em São José, na região metropolitana de Florianópolis. Outras duas devem começar a funcionar em 2013 uma Jaraguá do Sul e outra em Blumenau. Os investimentos totais inclusive de fornecedores devem somar R$ 30 milhões.
Segundo ele, a decisão de manter a abertura de novas lojas mesmo em um mercado mais difícil em 2012 garantirá um crescimento acima da média de mercado. Depois de crescer 7% no primeiro semestre, a empresa espera fechar o ano com um avanço de 15% e faturamento de R$ 500 milhões contra uma média de 3,5% do setor.
Concorrência menor explica ida ao interior
Em um momento de forte disputa pelo cliente entre as redes de varejo, as empresas buscam rumar para regiões onde a concorrência é menor. A rede de eletroeletrônicos e móveis Romera, de Arapongas, optou justamente por cidades de pequeno porte para crescer e fugir da briga com as gigantes do setor, como Magazine Luiza, Casas Bahia/Ponto Frio. A empresa tem 190 lojas em sete estados e a maior parte em municípios de 100 mil a 200 mil habitantes. "Cerca de 30% das nossas lojas estão em cidades com menos de 100 mil habitantes", afirma Julio Lara, diretor executivo da rede.
Para o próximo ano, a estratégia é abrir duas ou três lojas no interior de Goiás e, no ano seguinte, ir para o Tocantins. A empresa, que este ano deve faturar R$ 1 bilhão, optou por ficar fora de Curitiba."Entre ter uma loja de mil metros quadrados e pagar um aluguel de R$ 50 mil na rua Marechal Deodoro em Curitiba ter uma de mesmo tamanho e pagar R$ 7 mil pela locação em Quirinópolis (GO) eu prefiro a segunda opção", diz Lara. Segundo ele, essas cidades cresceram com o aumento do consumo da nova classe média nos últimos anos. "Se abrimos uma loja nesses locais, nós somos a sensação. Se abrimos em uma capital somos apenas mais um ", diz Lara, que projeta um crescimento de 12% em 2012.
Cultura
A Livrarias Curitiba vai investir no interior de São Paulo a partir de 2013, quando abre uma loja em Sorocaba. O mercado do interior de São Paulo a empresa já tem uma loja na zona leste da capital paulista apresenta um bom potencial de vendas, embalado pelos efeito do agribusiness na economia, de acordo com Marcos Pedri, diretor da empresa. "O interior paulista enriqueceu e se desenvolveu, com a abertura de universidades e colégios", diz. No fim desse mês, a empresa inaugura sua terceira loja em Florianópolis. Os dois investimentos somam R$ 7,5 milhões.
Segundo ele, esses mercados também apresentam menos concorrência e os eventos culturais promovidos pela empresa ajudam a fidelizar clientes."Em geral, o retorno da loja demora oito anos, mas nesse período a livraria se firma como uma âncora cultural para a cidade", diz. Com previsão de crescimento de 10% em 2012, a Livrarias Curitiba pretende elevar para três o número de abertura de novas lojas em cidades com mais de 200 mil habitantes por ano.