Depois de grandes redes de varejo fincarem suas bandeiras por aqui, agora é a vez das marcas paranaenses abrirem frentes em outros estados. Empresas como a farmácias Nissei, a MM Mercado Móveis, Super Muffato e Livrarias Curitiba, além de investirem no Paraná, estão acelerando neste ano seus projetos de expansão principalmente com destino a São Paulo e Santa Catarina. A intenção é aproveitar o crescimento do consumo para ganhar escala e aumentar o poder de fogo na disputa com a concorrência. Projeções de mercado dão conta de que as redes do Paraná deverão investir, nos próximos cinco anos, quase R$ 100 milhões em outros estados.
A MM Mercado Móveis, com sede em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, acaba de fazer sua estréia no mercado de Santa Catarina, com a inauguração de três lojas localizadas em Garuva, Canoinhas e Mafra no início de julho. A intenção, segundo o superintendente da rede, Márcio Pauliki, é abrir mais 30 unidades no estado vizinho. No Paraná, serão mais 67, nos próximos quatro anos. "A nossa meta é dobrar de tamanho para cerca de 200 lojas até 2012", diz. Até lá, o faturamento deve atingir R$ 500 milhões. A empresa iniciou seu projeto de expansão para outros estados há quatro anos, com a abertura de uma loja em Itararé (SP). "A concorrência aumentou muito. Há dez anos, uma empresa com o mesmo porte da nossa estaria entre as cinco maiores do país. Hoje estamos na 37ª posição. O mercado mudou e é preciso ganhar tamanho", diz ele, que pretende crescer 20% ao ano.
Com sede em Cascavel, no Oeste do estado, a cadeia de supermercados Super Muffato vai abrir, em setembro, sua segunda loja em São Paulo, de acordo com Everton Muffato, um dos proprietários. Com 27 lojas e faturamento de R$ 1,15 bilhão em 2007, a empresa abriu sua primeira unidade no estado vizinho há quatro anos, em Presidente Prudente mesma cidade que vai receber agora o novo hipermercado. De acordo com Muffato, a empresa estuda também investir em outras cidades do interior paulista e abrir uma frente em Santa Catarina nos próximos anos. "O interior de São Paulo tem um perfil econômico parecido com o interior do Paraná. Ao mesmo tempo, estamos mais próximos, o que facilita a logística de distribuição", diz.
A concorrente rede Condor, com 26 lojas, também tem planos de fazer sua estréia fora do Paraná nos próximos anos. Na mira estão mercados do interior de São Paulo e em Santa Catarina. O objetivo é elevar seu faturamento de R$ 930 milhões, em 2007, para R$ 2 bilhões em 2014. "A nossa idéia, primeiro, é consolidar a operação no estado. Mas já pensamos em abrir novas frentes para chegar a esse patamar de faturamento", diz o diretor comercial da empresa, Jefferson Oliveira. "Se elas [as grandes redes] vieram nos incomodar aqui, vai chegar a vez de incomodá-las nos seus terrenos", brinca.
Ao dar passos fora do Paraná, as redes supermercadistas diminuem, por tabela, a dependência do mercado do Paraná, hoje um dos mais concentrados do país. "Por aqui há um supermercado para cada 110 habitantes. No Rio Grande do Sul, essa proporção é de um a cada 250 e em São Paulo é de um para 600", afirma Muffato.
Crescer rumo a outros estados é, antes de mais nada, uma estratégia de defesa para as varejistas de médio porte, segundo o consultor Eugenio Foganholo, da Mixxer Desenvolvimento Empresarial, especializada em varejo. "Por mais que o Paraná seja um estado com grandes possibilidades, há uma limitação. E o que essas empresas precisam é ganhar musculatura e fortalecer sua relação com os clientes e fornecedores", afirma. "E, nesse sentido, os estados vizinhos são uma boa oportunidade de investimento", acrescenta. Ampliar a atuação regional pode representar também o primeiro passo para uma marca se tornar nacional no longo prazo, raciocínio adotado também por redes varejistas que atuam em outros ramos, como de farmácias e de livrarias. A Nissei, já anunciou planos de abrir 15 farmácias em Santa Catarina e ingressar também em São Paulo.
Líder na Região Sul, com 16 lojas, a Livrarias Curitiba está investindo R$ 1,5 milhão na abertura da sua sexta loja em Santa Catarina. Nos últimos seis meses, o grupo já investiu R$ 9,5 milhões na abertura de três novas lojas duas delas fora do Paraná: em Camboriú (SC) e na capital paulista. A mais nova será aberta em Blumenau. "Em Santa Catarina, o processo de industrialização foi anterior ao do Paraná, o que fez com que se formasse uma região de grande potencial de compra. A região de Florianópolis e do Vale do Itajaí têm poder aquisitivo superior até mesmo ao de Curitiba", afirma o sócio diretor da empresa, Marcos Pedri. A meta é dobrar de tamanho e se tornar, no longo prazo, uma marca nacional.