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Responsabilidade social

Varejo adota artesanato produzido em favelas

Conhecimento técnico, recursos financeiros e infra-estrutura levaram peças de artesanato produzidas em bairros pobres de Curitiba e região metropolitana para dentro da maior rede supermercadista do mundo. Nos últimos dois anos, cerca de 110 artesãs, a maior parte mulheres, aprenderam a fazer boas almofadas, enfeites e tapetes, entre outros, com a ajuda da ONG Aliança Empreendedora. Em breve, um empurrãozinho do Instituto Wal-Mart vai permitir a venda dos produtos nas lojas Sam’s Club, Big e Wal-Mart, em Curitiba, nos fins de semana.

A venda permanente dentro dos supermercados está sendo estudada. A parceria com o Wal-Mart passa ainda pela doação de R$ 500 mil, que servirão para financiar máquinas e equipamentos de produção e um fundo de microcrédito por dois anos. "Escolhemos esse projeto porque foi indicado por organizações internacionais", diz o diretor do Instituto, Paulo Mindlin.

"Antes eu vendia só para conhecidos", conta Diva Paganardi, líder da associação AEZP, que integra 58 produtores na Vila Zumbi dos Palmares, em Colombo. Segundo ela, algumas famílias dobraram a renda familiar desde que o trabalho de profissionalização do artesanato começou. "A idéia é que todos vivam só do artesanato, que é um trabalho mais valorizado do que limpeza, por exemplo."

A aprimoração dos produtores é resultado de consultoria com pessoal técnico e de gestão e de um acompanhamento próximo das dificuldades típicas do microempreendimento. "Eles passam a acreditar que podem crescer", conta Rodrigo de Mello Brito, diretor-presidente da Aliança Empreendedora.

No grupo de Diva, o acesso ao microcrédito vai garantir a produção de brindes de Natal para a o clube Alphaville. "Eles têm R$ 2 mil a cada seis meses para utilizar, e assim aprendem a usar o dinheiro com responsabilidade para depois pegar crédito no mercado", explica Brito.

A ampliação do conhecimento técnico permite inovar em materiais, como está fazendo Aparecido Paulo da Silva. Quando era jardineiro, leu uma apostila sobre serigrafia "feita em casa". Ele experimentou, gostou e partiu para um curso profissional. "Aprendi que estava usando tela e fios errados", conta. Mesmo sem trabalhos no momento e contando com o salário da mulher, ele dedica os dias a melhorar a qualidade da tinta, para se diferenciar quando tiver clientes. "O importante é entender as coisas", diz. Hoje ele dirige a serigrafia Silk Zum, uma das marcas da AEZP.

A troca de experiências também rende melhorias nos negócios.

Ontem, durante a assinatura da parceria entre Aliança Empreendedora e Instituto Wal-Mart, representantes de 12 grupos de artesãos de bairros diferentes se encontraram pela primeira vez e puderam confrontar as formas de trabalho.

A CooperÁguia, de Piraquara, faz trabalho terceirizado, que rende pelo volume das encomendas – uma bandana vendida a R$ 0,37 chega ao consumidor final por R$ 5. Na mesa em frente, a Zumbi Fashion, também marca da AEZP, chegou a pensar em ser fornecedora de uma confecção, mas percebeu que ganha mais com marca própria.

As artesãs da Belas Artes, do Uberaba, contaram que diversificaram a produção após assistirem a um curso oferecido por alunos de química do centro universitário Unicenp. "Aprendi a fazer óleo bifásico e outros cosméticos", conta Izabel Carvalho.

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