Redes de supermercados, farmácias, de departamentos, perfumaria e shoppings centers devem fechar o ano com recorde no número de inaugurações e preparam uma nova rodada de investimentos para 2014. O movimento segue na contramão do que tem sido o varejo neste ano, que deve crescer menos que no ano passado, afetado pelo endividamento do consumidor e a alta da inflação e dos juros.
A aposta do comércio, no entanto, é que o potencial de compras do brasileiro ainda não chegou ao limite e que eventos como a Copa do Mundo e as eleições devem turbinar o consumo no ano que vem.
Somente Curitiba deve ganhar pelo menos mais quatro shoppings centers até 2016 e outros três devem sair do papel no interior do estado em investimentos que podem somar R$ 1,4 bilhão.
A corrida pela abertura de lojas ocorre na maioria dos setores. A rede de lojas de maquiagem e perfumaria Quem Disse, Berenice?, do grupo O Boticário, abre em média seis lojas por mês em todo o Brasil, e já tem 81 unidades. Até o fim do ano serão mais 14.
A Panvel, rede de farmácias do Rio Grande do Sul que desembarcou em Curitiba há três anos, abriu sete lojas na capital neste ano e já programa a abertura de mais 10 em 2014, com investimentos de R$ 5 milhões, segundo o diretor comercial, Luiz Antonio D´Amado dos Santos.
Fatores
Desemprego baixo e uma classe C ainda ávida por gastar ajudam a sustentar os planos de expansão, segundo o presidente da Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio), Darci Piana. A capacidade de consumo da classe C ainda vai se sustentar por dois, três anos, na avaliação de Julio Lara, diretor executivo da rede de lojas de eletroeletrônicos Romera. "Um fenômeno como o da ascensão da nova classe C, cujo consumo ficou reprimido por muitos anos, não se esgota rapidamente. Além disso, teremos Copa do Mundo em 2014, que deve aumentar as vendas da chamada linha marrom, e as eleições", diz.
Eleições
O comércio espera que, como estratégia política para as próximas eleições, o governo adote mais medidas de incentivo ao consumo e um combate maior à inflação, ainda que por meio da elevação da taxa de juros. "Nessa conta, a inflação pesa mais que os juros na hora de comprar. O brasileiro prefere diluir os juros nas prestações da sua compra do que enfrentar a alta dos preços", diz Lara.
A Romera, que está presente em sete estados, aumentou em 30% os investimentos em expansão da rede neste ano. Abriu, com recursos de R$ 7,5 milhões, 15 novas lojas das quais cinco devem ser inauguradas até o fim do ano em Rondônia.
Para 2014, R$ 10 milhões devem ser usados para melhorar a distribuição, com ampliação de três dos sete centros de distribuição da empresa, além da abertura de mais dez lojas, projeto que deve consumir mais R$ 5 milhões.
Brasil é alvo das redes internacionais
O consumidor brasileiro está na mira de grandes varejistas internacionais. O crescimento do mercado de consumo nos últimos anos colocou o país no radar de redes como a britânica Top Shop, das suecas H&M e Ikea e das americanas Gap e Forever 21, que estão aterrissando no país.
Segunda maior varejista do mundo, a Hennes & Mauritz (H&M), com 3 mil lojas em todo o mundo, parece que finalmente vai desembarcar Brasil. O plano seria abrir até 40 lojas. A Ikea, maior rede de móveis do mundo, até montou um escritório em Curitiba e vem prospectando o mercado nacional. "Com a crise na Europa e nos Estados Unidos, essas empresas passaram a buscar público em mercados ainda inexplorados", diz Christian Majzak, da consultoria GO4!. A britânica Top Shop, que abriu sua primeira loja no país há um ano, deve abrir uma unidade em Curitiba e tem como objetivo dobrar de tamanho no país. A Gap abriu sua primeira loja em São Paulo em setembro e a Forever 21 se prepara para abrir unidades em São Paulo e no Rio.