Para analista, números refletem mais confiança
Analistas do mercado financeiro viram nos dados do varejo divulgados ontem pelo IBGE um fenômeno maior, de aumento na confiança do consumidor brasileiro. Para o economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges, contra uma população confiante não há projeção que resista. "O melhor é a formalização do emprego. Com a carteira assinada, o consumidor consegue crédito com mais facilidade junto às instituições financeiras", explica. Para ele, os dados foram importantes especialmente porque mostraram que setores que não foram beneficiados pelo estímulo fiscal concedido pelo governo também estão apresentando boa performance. "É o caso, por exemplo, de informática e supermercados", lembra Borges.
Mas na avaliação do gerente de riscos de mercado do Banco Sicredi, Alexandre Barbosa, apesar da boa tendência para o comércio varejista, o setor não deve repetir o mesmo comportamento nos próximos meses. "Esse número forte não deve ser repetido com a mesma intensidade nos últimos meses do ano. Além disso, o varejo é apenas uma das áreas que usamos para elaborar as expectativas para o PIB", diz, ao explicar por que a expectativa da instituição para a economia em geral não se altera com a pesquisa do varejo.
Reinaldo Pereira, do IBGE, afirma que os meses de novembro e dezembro costumam ser os mais aquecidos para o varejo. "Mas temos de pagar para ver, não temos bola de cristal", afirmou.
Depois de o crescimento de 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre ter decepcionado o mercado financeiro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que as vendas do comércio varejista cresceram 1,4% em outubro, acima das expectativas dos economistas, que variavam de alta de 0,2% a 1,2%. "O dado foi surpreendente. Mostra um quarto trimestre começando forte", afirmou o analista de varejo da MCM Consultores, Alexandre Antunes, que viu nos dados força para dissipar a frustração gerada pela variação do PIB.As vendas do comércio varejista ampliado, que incluem automóveis e materiais de construção, registraram queda de 2,6%. Na comparação com setembro, a retração refletiu o recuo de 15,8% nas vendas de veículos e motos, partes e peças. Nessa mesma base, os materiais de construção elevaram as vendas em 0,8%. As vendas de hiper e supermercados, segmento de maior peso na pesquisa, tiveram desempenho positivo e puxaram para cima os resultados do varejo em outubro. O grupo de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo elevou as vendas em 1,4% em outubro ante setembro. Na comparação com outubro do ano passado, as vendas desse grupo aumentaram 12,2% e contribuíram, sozinhas, com 5,8 pontos porcentuais, ou 69% do aumento de 8,4% das vendas do comércio varejista no período.
Para o técnico da coordenação de serviços e comércio do IBGE Reinaldo Pereira, os dados indicam que o reaquecimento da economia após a crise está tornando os resultados do setor "mais robustos". Ele destacou que, entre as 10 atividades pesquisadas, apenas uma registrou queda nas vendas em outubro ante setembro (veículos) e também somente uma ante igual mês do ano passado (materiais de construção).
Para ele, "o que vem sustentando esses resultados é o aumento da renda e da massa salarial, a manutenção do emprego, os incentivos governamentais para vários segmentos, os juros básicos em patamar inferior ao ano passado, o retorno do crédito com prazos alongados e o câmbio, que está barateando produtos importados e também elevando o consumo".
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