O comércio varejista do Paraná parece estar se recuperando dos resultados ruins registrados no início deste ano. Em setembro, o volume de vendas no estado cresceu 9,73% em relação a agosto. A variação é bastante interessante para o setor, uma vez que na comparação anterior, de julho para agosto, já havia sido registrado um salto de 6,84%. Este ano, resultados assim só foram observados em abril, mês de Páscoa, e maio, do Dia das Mães.
Os números referentes ao mês de setembro, divulgados ontem pela Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam ainda que o desempenho nas vendas foi positivo em 26 das 27 unidades da federação.
Os dados, no entanto, não indicam de onde veio o "empurrãozinho" para as vendas no mês, mas há uma desconfiança: "A gente não evidencia, mas temos uma sensibilidade de que as eleições ajudaram", afirma o economista Reinaldo Silva Pereira, do IBGE.
A suposição de Reinaldo e outros colegas do Instituto é que o dinheiro injetado na economia durante a campanha eleitoral tenha alavancado o comércio em setembro. "A gente não tem como identificar aquele rapaz que fica segurando a bandeira do candidato na esquina, porque o pagamento é informal. Mas depois de receber o dinheiro, no final do dia, ele vai até o supermercado fazer compras", exemplifica o economista.
E foi justamente a atividade de Hipermercados e Supermercados uma das responsáveis por puxar para cima o volume de vendas no estado. De setembro para agosto, a variação foi de 17,53% no Paraná. "Puxou bastante, porque tem um peso muito grande na estrutura do índice. Para se ter uma idéia, no Brasil este segmento teve contribuição de mais de 50% da variação nacional", diz Silva Pereira, do IBGE.
O economista levanta ainda outras hipóteses para o bom desempenho do varejo em setembro: aumento da renda do trabalhador, estabilidade no nível de emprego, taxa de câmbio valorizada e maior oferta de crédito, com pequena queda na taxa de juros ao consumidor.
Estes fatores elevaram, por exemplo, as vendas de materiais de escritório e informática variação de 55,81% no Paraná e de 25,67% no Brasil, em setembro. "O câmbio valorizado fez os preços diminuírem e favoreceu a compra desses artigos", explica Reinaldo Silva Pereira. Já a oferta de crédito, com juros ligeiramente mais baixos, elevou as vendas de móveis e eletrodomésticos em 15,7% no Paraná, e em 20,61% no país. Este ramo de atividade, lembra o economista, também tem peso considerável no comércio varejista.
Os importados, vale lembrar, acabam por compensar o desempenho ruim da indústria paranaense este ano o pior do Brasil, segundo o IBGE. "A indústria produz menos, mas ao mesmo tempo o câmbio permite compra maior de produtos importados, inclusive mais baratos", lembra Pereira, do IBGE.
Outra atividade acompanhada pelo Instituto que demonstrou bons resultados foi a de "Outros artigos de uso pessoal e doméstico", uma categoria que inclui desde brinquedos para cachorro até objetos de arte. A variação em setembro foi de 22,49% no Paraná e de 27,18% no Brasil.
Disparidade
A Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio-PR) apresenta números bem diferentes daqueles divulgados pelo IBGE. Segundo Pesquisa Conjuntural divulgada ontem, as vendas tiveram desempenho negativo em setembro em três dos quatro grandes centros pesquisados no estado subiram somente em Londrina, mas caíram na grande Curitiba, em Maringá e no Oeste.
O número menor de dias úteis em setembro, por causa do feriado da Independência, e a elevação das vendas em agosto, por conta do Dia dos Pais, explicariam, segundo a Federação, a variação negativa de um mês para outro.