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O dia de ontem foi de espera no Aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais. Cena que se repetiu em várias capitais, já que a Varig – companhia que se equilibra entre falência e recuperação judicial – cancelou 118 vôos em todo o país, mais da metade dos 208 programados entre zero hora e 18 horas de terça-feira. Na capital paranense foram seis cancelamentos.

A dona de casa Isabela Cunico, de 30 anos, chegou por volta das 7 horas da manhã ao Aeroporto Afonso Pena, com o objetivo de decolar às 08h10 com destino a Congonhas (SP) onde faria uma conexão. Grávida de cinco meses e com um filho de um ano e meio, ela esperava conseguir embarcar até o fim do dia. "Vou visitar a minha mãe em Brasília, era para ser um passeio, mas estou quase desistindo", lamentou. Isabela chegou a ser colocada em um vôo para o Rio de Janeiro, mas como a cidade não era o seu destino final, a Varig preferiu tirá-la de dentro do avião. Só por volta das 15 horas a Varig providenciou vales-refeição para que Isabela e outros na mesma situação que ela pudessem almoçar.

Passageiros de vôos internacionais estavam ainda mais apreensivos. Um grupo de funcionários de uma multinacional esperava ansioso por uma solução para o embarque, já que faria várias conexões até o destino final: Bremen, Alemanha. "A viagem nem começou e já estamos cansados", disse o metalúrgico Severino Rodrigues Filho, que já tem na bagagem história semelhante em viagens internacionais pela Varig.

Os cancelamentos da companhia em crise também tiveram reflexo no balcão da TAM. Uma das alternativas que a Varig deu a seus passageiros – além de esperar por outros vôos da companhia – foi o endosso da passagem, o que permite que o próprio passageiro busque vôos em outras companhias. A fila no balcão da TAM chegava quase até a porta de entrada do aeroporto. Todos os vôos da companhia que partiram do Afonso Pena tiveram fila de espera de mais 60 nomes, informou um funcionário.

Direitos

Até ontem, o Procon de Curitiba ainda não havia registrado nenhuma reclamação de passageiros da Varig. "O importante é que eles cumpram o contrato, de transportar o passageiro. Podem fazer isso colocando em outros vôos", explica a advogada Cila Santos, do Procon do Paraná.

Em caso de atraso de mais de quatro horas, explica Cila, a companhia deve arcar com as depesas de alimentação e hospedagem aos passageiros. Para pedidos de indenização – quando o passageiro perde um compromisso, por exemplo – o caminho não é o Procon, e sim a justiça comum.

Procurada pela reportargem, a Varig não quis comentar os cancelamentos. Extra-oficialmente, alega aos passageiros falta de combustível e outros entraves burocráticos.

O fato é que a empresa já não dispõe de aviões o suficiente para arcar com as rotas que opera. Ontem a Varig tirou de circulação 11 aeronaves que pertencem à International Lease Finance Corporation (ILFC), que ganhou em Nova Iorque o direito de recuperá-las. Segundo a Infraero, dos 61 aviões da Varig, apenas 25 voaram ontem (16 estão em manutenção e 20 em solo devido ao risco de apreensão).

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