Uma decisão da Justiça americana pode interromper a sucessão de alongamento nos prazos previstos para definir os rumos da Varig. A Boeing conseguiu nesta sexta-feira o direito de arrestar sete aeronaves da Varig - 5 MD-11 e dois aviões 777 - que estão em uso pelacompanhia.
A decisão, segundo a assessoria de imprensa da Varig, foi de um juiz do estado de Nova York que assegurou que os aviões permaneçam com companhia só até terça-feira, data marcada para uma nova audiência na Corte de Nova York com o juiz Robert Drain, que decidirá se a proteção dada à Varig contra arresto de aviões por empresas de leasing será mantido ou não. O cronograma para devolução dos aviões tem prazo até 1º de julho.
A decisão a favor da Boeing, no entanto, não perde o valor e a manutenção destes aviões dependerá de negociações entre a Varig e a fabricante. Por enquanto, informou a assessoria de imprensa da Varig, os advogados da empresa não vão recorrer.
No Brasil, o juiz Luiz Roberto Ayoub, que conduz o processo de recuperação da Varig disse que poderá passar a considerar novas ofertas de compra da companhia caso o único lance feito no leilão dessa quinta-feira seja reprovado. Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial do Rio, deu prazo até a próxima segunda-feira para que os executivos da empresa NV Participações, que representa um grupo de trabalhadores da companhia, esclareçam detalhes da proposta apresentada.
A assessoria do Tribunal de Justiça do Rio afirmou ainda que, neste momento, o juiz não considera a hipótese de decretar a falência da Varig, o que teoricamente aconteceria em caso de fracasso do leilão.
O juiz tenta ganhar tempo para que novas ofertas apareçam. Nesta sexta-feira, o fundo Multilong Corporation, que tem sede em São Paulo, ofereceu US$ 800 milhões pelas rotas nacionais e internacionais da Varig. A proposta, no entanto, está condicionada ao aporte total dos recursos pelo BNDES e à não-apresentação de carta de fiança bancária. Segundo informações, o presidente do fundo, Michael Breslow, teria parceria com a Boeing, uma das credoras da Varig. (clique e saiba mais).
Após da divulgação dessas informações, as ações da empresa inverteram a tendência de baixa e passaram a subir. Depois da caírem mais de 50% na quinta-feira e recuarem mais de 15% no início do pregão desta sexta, as ações da Varig fecharam com alta de 5,29%.
O presidente da OceanAir, Carlos Ebner, disse, no dia do leilão da Varig, que, caso o juiz não aprovasse a oferta da NV Participações, a OceanAir poderia fazer uma nova proposta.
- Já reiteramos várias vezes o interesse da OceanAir na Varig. O ponto chave foi o tempo. Sem dúvida vamos estruturar uma nova proposta - afirmou Ebner na ocasião.
A terça-feira, dia 13, deverá ser o "Dia D" para a companhia, pois termina o prazo dado pela Justiça de Nova York para que a empresa acerte débitos com empresas de leasing. Também na terça, dia da estréia do Brasil na Copa do Mundo, venceo prazo para que o possível vencedor do leilão realizado na quinta-feira deposite a quantia de US$ 75 milhões prevista no edital. Segundo o diretor da Consultoria Alvarez e Marsal, Marcelo Gomes, o fornecimento de combustível à companhia está garantido pela BR Distribuidora também somente até o dia 13. Segundo Gomes, os nomes de alguns investidores por trás da proposta da NV Participações já foram revelados(clique e saiba mais).
O consórcio NV, ligado à associação Trabalhadores do Grupo Varig (TGV), foi o único dos cinco grupos cadastrados para o leilão de venda da empresa a apresentar uma oferta pela companhia. A proposta foi de R$ 1,010 bilhão (correspondente a cerca de US$ 449 milhões) pela Varig Operacional, que inclui as operações domésticas e internacionais da empresa aérea. A proposta prevê o pagamento de R$ 225 milhões em créditos concursais (que fazem parte da recuperação judicial, incluindo os trabalhistas) e extra-concursais (que estão fora da recuperação judicial; R$ 500 milhões em debêntures da nova empresa e R$ 285 milhões em dinheiro.
TAM, Gol, OceanAir e o fundo americano Brooksfield também se cadastraram para o leilão - realizado no hangar da Varig no aeroporto Santos Dumont - mas não apresentaram ofertas nem na primeira etapa (que tinha preço mínimo de US$ 860 milhões para a Varig inteira ou de US$ 700 milhões só para a parte doméstica) nem na segunda fase, que previa lances livres.
Perguntado sobre o que acontecerá, no caso de falência, com os clientes que já têm passagens compradas ou milhas acumuladas no sistema de fidelidade Smiles, o juiz Ayoub afirmou que a Anac "já tomou todas as providências para garantir que todos os usuários tenham assento garantido":
- Falo isso apenas por um dever de lealdade, pois não quero chegar ao ponto de isso acontecer - finalizou o juiz.
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