Atualizado em 20/07/06 às 12h50
Vendida! Por volta das 11h20m desta quinta-feira foi batido o martelo do leilão de venda da Varig, a mais importante companhia aérea brasileira, à beira da falência. A compradora foi a única habilitada a participar do leilão, a VarigLog, uma ex-subsidiária da Varig que no fim do ano passado foi adquirida pela Volo-Brasil, empresa controlada por empresários brasileiros liderados por Marco Antônio Audi e pelo fundo americano Matlin Patterson.
A VarigLog - que participou do leilão com o nome Aéreo Transportes Aéreos S/A - pagou US$ 24 milhões (R$ 52.324.800,00) pela chamada "Nova Varig", que inclui as rotas domésticas e internacionais e um passivo de bilhetes emitidos e do programa de milhagem Smiles. A "Varig antiga", com passivos em torno de R$ 8 bilhões, continuará em recuperação judicial.
A VarigLog ficará com 13 aviões da frota atual da Varig, que voam para 25 destinos nacionais e internacionais, além das obrigações do programa de milhagem Smiles e de passagens anteriormente vendidas. Deverão ser aproveitados apenas cerca de 1.500 a 2 mil funcionários dos atuais 10 mil empregados da companhia aérea.
A venda da Varig para a VarigLog, no entanto, não deve encerrar a "novela" da recuperação judicial da companhia. Ações judiciais devem surgir. O próprio Sindicato Nacional de Empresas Aéreas (Snea), que tem forte participação de TAM e GOL, está contestando a VarigLog por considerar que a empresa não tem 80% de seu controle nas mãos de brasileiros, o que é obrigatório por lei.
O martelo da conclusão do leilão foi batido pelo atual presidente da Varig, Marcello Bottini, e pelo leiloeiro público Carlos Alberto Barros. Em seguida, Bottini se dirigiu aos empregados:
- Hoje renasce aqui uma nova Varig - afirmou, sendo muito aplaudido pelos cerca de 1.000 funcionários que acompanharam o leilão na sede da empresa, no Rio.
O presidente da VarigLog, João Luis Bernes de Souza, também disse após o leilão que "a Varig vai renascer e vai viver sua epopéia".
- Vamos fazer a sua estrela brilhar no céu.
O executivo fez questão de homenagear o juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara de Falências do Rio, responsável pelo processo de recuperação judicial da Varig.
Como fica
O novo dono da Varig deverá garantir um fluxo de caixa de R$ 19,6 milhões para a "velha Varig". Esses recursos serão usados para pagar os credores nos próximos 20 anos.
A nova Varig vai receber investimentos de US$ 150 milhões em até 30 dias após o leilão. Além disso, o novo dono da Varig deverá assumir R$ 245 milhões em bilhetes emitidos e o passivo (milhas acumuladas) de R$ 70 milhões do Smiles. A VarigLog se comprometeu a emitir debêntures (títulos de dívida) de R$ 100 milhões, que podem ser convertidas em 10% de participação na nova empresa para funcionários e credores com garantias, como o Aerus, fundo de pensão dos empregados da empresa.
A VarigLog vai ficar com as marcas Varig e Rio Sul, além das rotas domésticas e internacionais. A "Varig antiga", que herda as dívidas, ficará com um avião e com a Varig Nordeste.
A única proposta válida
Outra empresa, A Cooperativa de Trabalho dos Profissionais de Processamento de Dados (Cooper Data), tentou se habilitar para o leilão desta quinta-feira, mas foi desqualificada por não ter feito o depósito da garantia no valor de US$ 24 milhões 24 horas antes.
No leilão anterior, realizado em junho e que terminou em fracasso, o preço mínimo era de US$ 700 milhões para as rotas domésticas e de US$ 860 milhões para operações nacionais e internacionais da Varig. Naquela ocasião, a NV Participações - representando a associação Trabalhadores do Grupo Varig (TGV) - foi a única a fazer oferta, de R$ 1,01 bilhão, mas o leilão foi invalidado pela Justiça por falta de pagamento.