Sem aviões suficientes, a Varig corre o risco de interromper, pelo menos temporariamente, as operações da última de suas rotas européias. As duas aeronaves MD-11 usadas na linha Rio de Janeiro-São Paulo-Frankfurt terão de ser devolvidas à companhia responsável pelo leasing dos jatos até os dias 30 de março e 30 de abril, respectivamente. Por enquanto, não há definição sobre a substituição dos aviões. Apesar das incertezas, a companhia aérea continua vendendo normalmente passagens para Frankfurt, a partir de maio.
Os dois MD-11 estão prometidos pela americana Central Air, que arrendou as aeronaves para a Varig, à transportadora de cargas UPS. Eles deverão ser convertidos em cargueiros em Cingapura, segundo fontes do setor.
Consultada ontem pelo Valor, a assessoria de imprensa da Nova Varig disse apenas que " estamos renegociando os contratos desses MD-11 ou até mesmo a substituição por outras aeronaves " . Além de Frankfurt, a empresa aérea mantém vôos internacionais para três cidades da América do Sul - Buenos Aires, Bogotá e Caracas.
Entre pilotos, comissários de bordo e funcionários da Varig na Alemanha, o clima é de nervosismo e apreensão. Ninguém foi informado até agora sobre a continuidade das operações após a eventual entrega dos aviões, embora haja a expectativa de chegada de jatos Boeing 767 para repor a frota. A arrendadora japonesa Nissho Iwai tem dois 767-300 parados no aeroporto do Galeão, desde junho do ano passado, que eram alugados à Varig.
Especialistas apontam que, com o aquecimento do mercado de aviação, os preços de leasing estão altos demais e podem inviabilizar o fechamento de novos contratos.
A cidade alemã é a última remanescente de uma série de linhas interrompidas quando a aérea, ainda sob o controle da Fundação Ruben Berta, atravessou a pior crise da sua história, no ano passado. Havia vôos diretos para Paris, Londres, Milão, Madri, Munique e Copenhague.
" As linhas internacionais da Varig estão dando um enorme prejuízo e a direção está sendo cobrada por isso pelo Matlin Patterson " , afirma o consultor em aviação Paulo Bittencourt Sampaio. Matlin Patterson é o fundo americano que detém 20% do capital da VarigLog, empresa que comprou a Varig em leilão, em julho do ano passado.
Sampaio lembra que o presidente da Nova Varig, Guilherme Laager, tem dado sinais de que a empresa aérea vai concentrar seus esforços na recuperação do mercado doméstico.
Além disso, a especulação sobre a entrada da chilena LAN no capital da empresa brasileira, assumindo seus vôos ao exterior, é mais uma incógnita para o futuro da Nova Varig.
Entre suas concorrentes brasileiras, a companhia detém hoje apenas 13,47% do mercado internacional. Antes da venda aos novos acionistas, em janeiro de 2006, sua participação era de 72,14%. Esse espaço foi ocupado pela Gol e, principalmente, pela TAM. A Gol, hoje com 16,62% de participação, concentra as suas operações nos vizinhos sul-americanos. Com uma fatia de 58% do mercado, a TAM ampliou seus vôos para Paris, começou a fazer a rota São Paulo-Londres e inaugura, em 30 de março, o seu terceiro destino na Europa: Milão.
Agora, a companhia faz estudos para estender suas operações também a Frankfurt. Conforme explica o diretor de relações institucionais e alianças da TAM, Paulo Castello Branco, a avaliação econômica para operar na Alemanha não depende da continuidade dos vôos da Varig, mas ele admite que a decisão será acelerada caso a rota atual da concorrente venha a ser interrompida. Castello Branco disse considerar " essencial " o estabelecimento de uma parceria internacional para a operação da linha a Frankfurt.
A TAM chegou a operar brevemente essa rota em 2001, mas ela demonstrou-se pouco viável para a empresa na ocasião. A explicação está no fato de que sete em cada dez passageiros que embarcam no Brasil para Frankfurt não têm a cidade alemã como destino final de viagem. Portanto, torna-se fundamental uma parceria com a Lufthansa para distribuir os passageiros pela Europa.
Até o fim do ano passado, a Varig tinha acordo operacional com a Lufthansa, pois fazia parte da Star Alliance. Agora que saiu da aliança aérea, a Varig perdeu esse privilégio. Castello Branco diz que todas as companhias aéreas européias estão de olho em uma parceria com a TAM, por causa do potencial de distribuição de passageiros na América do Sul. Com a Lufthansa, antecipa: " Estamos em conversações " .
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