A VarigLog entregou ontem à Justiça os esclarecimentos a respeito da oferta de US$ 485 milhões para a compra de Varig. Segundo o advogado da ex-subsidiária de transporte de cargas da companhia aérea, Leonardo Viveiros, todos os detalhes da oferta foram apresentados e a convocação de uma assembléia de credores depende agora da Justiça. "Conceitualmente, está tudo esclarecido. Do nosso ponto de vista, já há, se for o caso, condições de os juízes convocarem uma nova assembléia", afirmou. Ele disse ainda que todos os detalhes apresentados sobre a oferta estão de acordo com a Lei de Recuperação Judicial.
Segundo o juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8.ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, a assembléia de credores tem que ser convocada antes de a proposta ser levada a um eventual novo leilão de venda da companhia.
A Justiça do Rio confirmou o recebimento dos esclarecimentos e encaminhou os documentos para o Ministério Público Estadual e para o administrador judicial a consultoria Deloitte , que vão apresentar pareceres sobre a viabilidade da oferta. O promotor que acompanha o processo de recuperação judicial da companhia aérea, Gustavo Lunz, afirmou que deve encaminhar hoje um parecer à Justiça.
Um dos pontos que a VarigLog precisa esclarecer para a Justiça é como fica a antiga Varig, que concentra dívidas em torno de R$ 8 bilhões, já que a proposta da ex-subisidiária prevê somente investimentos na nova companhia. Os recursos da oferta apresentada (US$ 485 milhões) seriam injetados no saneamento da companhia aérea e permitiriam a continuidade de seus vôos, mas não iriam para os credores.
A VarigLog depositou ontem US$ 200 mil na conta da Varig para garantir a continuidade de seus vôos. Até agora, a ex-subisidiária já fez quatro depósitos na conta da empresa aérea, num total de aproximadamente US$ 5,5 milhões, dos US$ 20 milhões prometidos anteriormente.
O juiz Ayoub avalia os detalhes da oferta para evitar a convocação de um novo leilão de venda da Varig que também fracasse. No último dia 8, o TGV (Trabalhadores do Grupo Varig) ofereceu R$ 1,01 bilhão pela companhia aérea, mas não fez o pagamento da primeira parcela, o que levou a Justiça a invalidar o leilão de venda.
Além disso, a Justiça informou estar preocupada com a preservação dos postos de trabalho da Varig. A VarigLog apresentou há cerca de dois meses uma proposta de compra da Varig que previa a injeção de US$ 400 milhões em troca de 95% das ações da empresa. A oferta foi rejeitada devido a temores de demissão em massa e também porque, assim como agora, os credores não quiseram ficar com apenas 5% das ações.
Segundo a própria Justiça, entretanto, não há outros interessados pela compra da Varig. Além disso, a VarigLog já mostrou ter recursos para injetar na empresa aérea.