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Exportação

Vaticano compra seda do Paraná

O Casulo Feliz, uma tecelagem artesanal de Maringá, vendeu 5 mil faixas para padres da Ordem de São Basílio

Funcionária mostra fio de seda produzido em Maringá: produto tem reconhecimento internacional | Ivan Amorin/Gazeta do Povo
Funcionária mostra fio de seda produzido em Maringá: produto tem reconhecimento internacional (Foto: Ivan Amorin/Gazeta do Povo)

Maringá - Os 40 funcionários da tecelagem artesanal O Casulo Feliz, de Maringá, estão trabalhando com inspiração religiosa para atender um pedido inédito: pela primeira vez os tecidos que produzem serão vendidos para o Vaticano. Em fevereiro, serão embarcadas 5 mil faixas de seda, que consumirão 10 mil metros de tecido, para compor os paramentos dos padres da Ordem de São Basílio.

O Casulo Feliz é a única tecelagem artesanal de seda do Paraná e emprega moradores do Conjunto Habitacional Santa Felicidade, uma das comunidades mais carentes de Maringá. Os produtos já eram exportados para diversos países, mas a ideia de produzir as faixas que serão enviadas para a Santa Sé tem servido como motivação especial para os funcionários, conta o proprietário da empresa, Gustavo Serpa Rocha. "Eles pensam que até o Papa vai usar as faixas", brinca. "Ficam felizes em saber da importância religiosa da encomenda."

"A gente faz um trabalho aqui que vai para todos os lugares", diz, orgulhosa, Neuza Vieira, que trabalha na tecelagem há 15 anos. Márcia Regina dos Santos, colega de Neuza, garante que os produtos que ela faz já são bem reconhecidos e que com o Vaticano não será diferente. "Um dos tapetes que eu fiz saiu até na revista. Os padres vão gostar das faixas."

A negociação para a venda teve início quando Rocha esteve na Itália e conheceu, por intermédio de um amigo, um dos padres da Ordem de São Basílio. O padre contou que antigamente a congregação, que é uma das mais antigas do mundo, usava apenas artigos produzidos manualmente, e que agora as vestimentas passaram a ser feitas de forma industrial. O interesse surgiu quando o padre italiano ficou sabendo que O Casulo Feliz produzia seda artesanal. Algum tempo depois, ele entrou em contato com os religiosos da ordem que vivem em Curitiba, que fecharam o negócio.

Nicho

O Casulo Feliz já produzia vestes e artigos religiosos, mas essa foi a primeira venda em grande escala. "O mercado eclesiástico é um nicho de mercado a ser explorado", disse Rocha, que espera que agora surjam novos negócios.

Embora não revele quanto vai lucrar com a venda, Rocha dá uma ideia do valor dos produtos de luxo feitos pelos tecelões do Santa Felicidade. O metro de alguns tecidos chega a custar R$ 200 e um pufe feito com a seda artesanal pode ser vendido nas lojas por até R$ 4 mil. "O nosso artesanato é caro", diz Rocha. Ele também falou sobre a importância de manter a fábrica na comunidade carente. "Quero tirar do lugar mais necessitado de Maringá os artigos mais bonitos do Brasil", disse.

A remessa de faixas será enviada em fevereiro para a Europa e alterou a rotina de produção da fábrica. Seis funcionários serão remanejados e vão trabalhar exclusivamente durante 22 dias para dar conta da encomenda. Cerca de 200 quilos de fio de seda serão utilizados na fabricação, sendo que cada casulo de bicho da seda produz apenas um grama de fio.

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