O lixo radioativo de um depósito na Normandia, na França, está vazando para a água subterrânea, de acordo com relatório publicado nesta semana pelo laboratório francês Acro. A água contaminada nas instalações da CSM (Centre de Stockage de la Manche) estaria indo para aqüíferos subterrâneos usados pelos fazendeiros para saciar o gado.
Segundo o relatório, elaborado em conjunto com o Greenpeace, a contaminação já chega a níveis alarmantes: na região onde o gado está presente, supera em mais de sete vezes o limite europeu de segurança; nas áreas agricultáveis próximas aos depósitos os níveis de radioatividade na água subterrânea estão, em média, 90 vezes acima do limite de segurança.
A descoberta vem dias depois de revelado que um novo reator nuclear planejado pela Electricité de France (EDF) é incapaz de resistir a impactos de aeronaves comerciais. A contaminação ambiental pelo lixo radioativo na Normandia foi causado por reatores operados pela EDF e clientes estrangeiros da empresa de reprocessamento Areva. O Greenpeace alerta que a crise do lixo na França não está sendo conduzida com seriedade pelo governo.
No Japão, a usina de reprocessamento de Rokkasho teve, em 17 de maio, seu terceiro vazamento, o que forçou a interrupção das atividades pelos últimos sete dias. O processo de purificação de plutônio teve de ser interrompido para cessar o vazamento e, pelo menos até o quinto dia de parada, a fonte do vazamento ainda não havia sido encontrada. Cerca de 7 litros de líquido radioativo com 140 gramas de urânio foram liberados.
No Brasil, a usina Angra 1 está parada pela terceira vez neste ano. A geração de energia foi interrompida às 23 horas do dia 12 de maio para reabastecimento de combustível. Mais de 750 homens tiveram de ser contratados para a tarefa de substituir um terço do combustível da usina e realizar novamente serviços de manutenção. A previsão da Eletronuclear é de 50 dias para Angra 1 retornar às atividades.
- Os problemas da energia nuclear são demonstrados a todo o tempo no Brasil e no mundo. Vazamentos de radiação, interrupções na geração de energia e diversos tipos de incidentes são muito comuns, o que comprova que essa fonte de energia é perigosa e suja, além de cara e ineficiente - afirma Guilherme Leonardi, coordenador da Campanha Antinuclear do Greenpeace Brasil.
- Os ocorridos na França, no Japão e em Angra 1 demonstram que o Brasil deve investir em energias limpas e seguras, como a solar e a eólica, em vez de desperdiçar dinheiro público com a problemática e ultrapassada energia nuclear - completa.