A receita cambial dos portos paranaenses nos dez primeiros meses de 2007 superou o valor obtido em todo ano de 2006. De acordo com a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), as exportações entre janeiro e outubro geraram US$ 9,9 bilhões. O volume movimentado, no entanto, ainda é menor do que o ano passado: 32,5 milhões de toneladas contra 34,7 milhões. As exportações recordes de veículos e a valorização dos preços das commodities agrícolas no mercado internacional estão por trás do crescimento expressivo do faturamento.
Considerando apenas o Porto de Paranaguá, a receita cambial passou de R$ 3,9 bilhões em 2000 para R$ 9,6 bilhões no acumulado de 2007. O crescimento, de 146%, está dentro da média registrada por outros portos importantes do Sul e do Sudeste, como o de Rio Grande e o de Santos. Itajaí, em Santa Catarina, se destacou, com uma alta de 232% na receita cambial. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
Apenas o Porto de Paranaguá e o de Rio Grande já conseguiram superar a receita cambial de 2006. Em comum, os dois terminais vêm registrando recordes na movimentação de veículos. De janeiro a outubro, o porto paranaense movimentou 150 mil carros, 55% a mais do que no mesmo período de 2006. No terminal gaúcho, as operações com veículos dobraram nos nove primeiros meses deste ano, totalizando a marca de 42,5 mil unidades.
"Estamos sanados e crescendo tanto que, em outubro, superamos todo o ano de 2006. Provavelmente vamos ultrapassar a marca dos US$ 10 bilhões, que já era a nossa expectativa", afirmou o superintendente da Appa, Eduardo Requião, por meio da assessoria de imprensa.
Especialistas ponderam que o crescimento é fruto da demanda internacional acelerada. "Mesmo com o real valorizado, a demanda das economias mundiais está muito aquecida. Com isso temos aumento nas exportações, o que deve ter acontecido em todos os portos do Brasil. O crescimento de Paranaguá não tem relação com alguma vantagem comparativa, mas sim com o mercado externo", afirma o chefe do departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Marcelo Curado. Segundo ele, a tendência é de que as exportações brasileiras continuem aquecidas. "Mas isso depende do alcance da crise de crédito norte-americana."
O coordenador do curso de Economia da Unifae, Gilmar Lourenço, diz que a alta dos produtos primários no mercado internacional tem um peso importante na alta da receita cambial. "Os preços dispararam e isso eleva o desempenho dos portos brasileiros que exportam commodities agrícolas." O Porto de Itajaí, por exemplo, que se destaca pelas movimentação de cargas industriais, ainda não bateu a receita cambial do ano passado, que foi de R$ 5,5 bilhões. "A tendência é que cargas desse tipo tenham preços estagnados", explica.
No Porto de Antonina, o destaque ficou por conta das exportações de ferro, que cresceram 48% em relação aos dez primeiros meses de 2006.